Os clubes da Primeira Liga já foram multados em 531.963 euros desde o início da época devido ao uso de pirotecnia por parte dos adeptos. O avultado montante levou os clubes a criarem uma 'task force' para combater este fenómeno.

De acordo com a edição de hoje do 'Diário de Notícias', os principais clubes nacionais - FC Porto, Benfica, Sporting, Vitória de Guimarães e SC Braga - reuniram-se com secretários de Estado do Desporto e com o Ministério da Administração Interna, Polícia de Segurança Pública (PSP), Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD), Liga e Federação Portuguesa de Futebol para encontrar formas de combater este fenómeno.

Os mais de meio milhão de euros em multas desde o inicio da época representa um aumento de 64% do número de incidentes relacionados com a posse/uso de artefactos pirotécnicos nos estádios de futebol.

Benfica, Sporting, Vitória de Guimarães, SC Braga e FC Porto são responsáveis por 467.349 euros dos 531.963 euros em multas. O emblema encarnado é o mais multado (162 mil euros), seguido de perto pelo Sporting, com 156 mil euros.

De acordo com a Polícia de Segurança Pública (PSP), em 2024 foram registados 5.079 ocorrências relacionadas com a posse/uso de artigos de pirotecnia (3.775 em 2023).

A PSP refere que no ano de 2024 foram elaborados 789 autos de notícia por contraordenação, maioritariamente por deflagração de artigos de pirotecnia (824 em 2023). No ano passado 373 pessoas (444 em 2023) foram expulsas de recintos desportivos por condutas contrárias à lei e 116 foram impedidas de assistir a eventos por não cumprirem os requisitos de acesso aos recintos (182 em 2023).

No mesmo período foram aplicadas 499 medidas de interdição pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD) (501 em 2023).

De acordo com o relatório de análise da violência associada ao desporto, houve um aumento substancial do número de incidentes, apesar da diminuição de episódios de violência. O Ponto Nacional de Informações sobre Desporto (PNID) registou 8.879 incidentes em espetáculos desportivos na temporada passada, mais 2.780 do que em 2022/23 (6.099), uma subida motivada pela utilização crescente de artefactos pirotécnicos, que correspondem a 63,9% do total (5.673).

"Apesar de sinais positivos em outros indicadores, o aumento do uso de artefactos pirotécnicos nos recintos desportivos destacou-se como uma preocupação crescente, refletindo uma tendência europeia no período pós-pandemia, indica o relatório, cuja quinta edição é datada de 30 de dezembro de 2024.

A posse/uso de artefactos pirotécnicos é intensificada pelo fácil acesso a este tipo de materiais e a UEFA já identificou que a sua utilização em recintos desportivos é "alimentada pelas redes sociais" - a par das invasões de campo -, "em busca de notoriedade online".

Com 3.443 incidentes registados, a utilização de material pirotécnico representa 85,4% do total de incidentes identificados na época passada na I Liga, a maioria dos quais ocorridos nos jogos em que participaram os três candidatos ao título: Benfica, Sporting, que se sagrou campeão, e FC Porto.