O Shandong Taishan da China não defrontou hoje os sul-coreanos do Ulsan, em jogo da 8.ª jornada da fase de liga da Champions asiática, alegando indisponibilidade física. A decisão, com contornos políticos, está a mexer com a prova.

Em comunicado, o clube chinês explicou que "problemas físicas entre os seus jogadores" impediram a equipa de defrontar esta quarta-feira o Ulsan Hyundai. Os chineses, 8.º com 10 pontos, já estavam apurados para os oitavos de final, os sul-coreanos, com três pontos, estavam fora da próxima fase.

"Devido ao grave desconforto físico entre os jogadores, não podemos formar uma equipa para participar e, por isso, não iremos participar no jogo da Liga dos Campeões de Elite da AFC", escreveu o clube, em comunicado.

A decisão levou o órgão disciplinar da Liga dos Campeões Asiáticas a aplicar o artigo 5.2 da competição e expulsão o clube chinês da prova.

Desistência com contornos políticos

A explicação parece não convencer quem acompanha a Liga dos Campeões da Ásia. E é preciso recuar ao jogo da 7.ª jornada para entender todo o contexto.

No dia 11 de fevereiro, o Shandong Taishan venceu por 3-1 em casa o Gwangju da Coreia do Sul, na 7.ª ronda da fase de Liga da prova. Alguns adeptos do emblema chinês aproveitaram a ocasião para provocar os sul-coreanos, mostrando imagens do ditador Kim Jong-unm líder da Coreia do Norte, inimiga da Coreia do Sul, e também de Chun Doo-hwan, ditador militar e político sul-coreano.

Para o Gwangju, este "ato deliberado" foi uma "uma provocação flagrante" que "causou grandes danos" aos cidadãos da cidade e ao povo sul-coreano.

É preciso recordar que de 18 a 27 de maio de 1980, os cidadãos de Gwangju tomaram conta das ruas da cidade em protesto contra a ditadura militar. O governo de Chun Doo-hwan deu ordens ao exército para uma repressão violenta que provocou a morte de um grande número de civis e estudantes.

Era esperada uma resposta dos sul-coreanos esta quarta-feira no jogo entre o Shandong e o Ulsan, mas os chineses não apareceram, alegando não ter jogadores em condições físicas para o jogo. Há uma semana a equipa tinha o plantel completo, sem qualquer lesão.

Um plantel, treinado pelo norte-coreano Choi Kang-Hee, antigo técnico do Jeonbuk Motors da Coreia do Norte, e dos chineses do Shanghai Shenhua, e que conta com quatro brasileiros e um georgiano. Na equipa técnica há dois portugueses, com passagens pelo FC Porto: Simão Freitas, Coordenador técnico e Pedro Oliveira, Coordenador da Formação de guarda-redes.

Fica agora a incógnita sobre que irá decidir a direção da AFC sobre a Conferência Este da Liga dos Campeões. Há várias soluções em cima da mesa: anular todos os jogos disputados pelo Shandong, atribuir vitórias automáticas a todas as equipas que defrontaram o emblema chinês ou ajustar a classificação eliminando os resultados das outras formações diante de pior equipa de cada grupo - o Central Coast da Austrália na Conferência Este e o Al Ain dos Emirados Árabes Unidos, na Conferência Oeste, onde estão Al Hilal (1.º) e Al Nassr (3.º).

Se a decisão passar por retirar às equipas os pontos conquistados diante do Shandong Taishan, os emblemas do Japão serão os mais prejudicados. O Vissel Kobe e Kawasaki Frontale perderão três pontos cada, Yokohama Marinos perderá um ponto. Nesse caso, o Vissel Kobe, já apurado, cairia do 3.º para o 5.º posto, perdendo assim o direito de jogar a 2.ª mão dos oitavos de final fora de casa.