A Associação de Futebol (AF) do Porto e a Real Federação Galega de Futebol (RFGF) vão assinar na segunda-feira um protocolo de intercâmbio de árbitros, gerando experiências e qualificação contínua para aliviar as carências no setor.
“A AF Porto faz anualmente cerca de 30.000 jogos, o que dá mais de 1.200 por semana. Temos cerca de 980 árbitros de futebol e de futsal, mas, para suprir a falta deles, alguns fazem três, quatro e cinco jogos a cada fim de semana. Isto não é possível de se manter, na medida em que um árbitro precisa de estar sereno e preparado fisicamente para estar em condições”, explanou à agência Lusa o presidente da AF Porto, José Manuel Neves.
Os dirigentes máximos do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), José Fontelas Gomes, e do Comité de Árbitros da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Medina Cantalejo, destacam-se entre os convidados da cerimónia, que arranca a partir das 19:00, na sede da maior associação distrital do futebol nacional.
O protocolo vai ser assinado pelos presidentes da AF Porto e da RFGF, na sequência de conversações entre as federações dos dois países ibéricos, incidindo nas duas séries da Divisão de Elite portuense, equivalente ao quinto escalão português, e no Grupo Sul do campeonato regional da Galiza, sexta categoria em Espanha, ambos de âmbito amador.
Esta medida vai ser efetivada pouco mais de uma semana depois de a entidade chefiada por José Manuel Neves ter consumado um acordo com duas escolas de Vila do Conde, cujos planos curriculares passaram a incorporar de forma pioneira cursos de arbitragem.
Assumindo a necessidade de haver mais formadores certificados pela FPF para cobrir a “crescente procura”, a AF Porto ambiciona qualificar mais 400 árbitros no final deste ano letivo e “preparar o futuro”, numa lógica de renovação dos atuais quadros e de subida da quantidade de ‘juízes’ disponibilizados para as competições nacionais, que ronda os 70.
“É muito difícil angariar um árbitro, mas é muito mais difícil de o reter. Ficaria contente se 50% dos árbitros que tiram o curso ficasse nos nossos quadros. Esse sucesso só se dá monitorizando e acompanhando o árbitro jovem. Ou seja, tendo um tutor que o ajude em todos os aspetos, entre os quais o psicológico, que é bastante importante”, reconheceu.
A AF Porto formou 250 novos ‘juízes’ desde a pandemia de covid-19 e prepara-se para começar a instruir nas suas próprias instalações “mais 173 de futebol e 30 de futsal”, ao passo que “cerca de 20” estão a ser enquadrados “com sucesso absoluto” no programa “Crescer 2024”, fundo instituído pela FPF para chegar aos 300.000 praticantes - atletas, árbitros, treinadores, dirigentes e outros intervenientes no futebol - até ao próximo ano.
“Claro que, se me perguntar se um árbitro tem anseio de ganhar mais, sim. De qualquer das formas, sabemos que a maioria vem para a arbitragem por vocação, conhecimento, motivação e por verem que a nossa associação tem um árbitro na elite da FIFA, que é o Artur Soares Dias, outros jovens já numa I Liga e alguns internacionais. À partida, é isso que motiva um árbitro. Depois, é a progressão na carreira”, admitiu José Manuel Neves.
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