Sem golos. Assim terminou o 'clássico' de domingo entre Benfica e FC Porto a contar para a 30ª jornada depois de semanas de crescente expectativa em relação à decisão do tão apelidado 'jogo do título'. Julen Lopetegui surpreendeu no 'onze' inicial pós-Munique ao apostar em Helton na baliza e Rúben Neves no meio campo dos 'dragões'. Jorge Jesus foi mais contido e, na impossibilidade de 'última hora' em usar Salvio, manteve a base da equipa lançando apenas Talisca.
Com 63534 espectadores nas bancadas da Luz (três mil deles adeptos do FC Porto) a criar um ambiente fantástico à luz do dia, o 'clássico' arrancou com um FC Porto muito mais dominador e esclarecido nos seus objetivos. Os 'dragões' assumiram as despesas de jogo e tomaram de assalto o meio campo adversário apesar de ter sido a equipa 'encarnada' a dar o pontapé de saída. O Benfica, a jogar em casa, sentiu algumas dificuldades em controlar os laterais Danilo e Alex Sandro. Talisca parecia 'erro de casting' para travar o lateral esquerdo brasileiro do FC Porto e até ao intervalo a estatística dizia que ninguém do Benfica tinha conseguido rematar à baliza de Helton.
Apesar do FC Porto ter terminado a primeira parte com 56% de posse de bola, a verdade é que também só criou uma situação de perigo junto à baliza de Júlio César quando aos 34 minutos um cruzamento de Danilo chegou aos pés de Jackson, mas o internacional colombiano, pressionado por Luisão, rematou por cima da barra da baliza adversária. Outro dado estatístico relevante na primeira parte foram o número de faltas assinaladas por Jorge Sousa: 21 faltas e dois cartões amarelos. O jogo seguiu então para intervalo com um nulo no marcador e pouca produção ofensiva por parte da equipa da casa. Nas bancadas, a música de festa contrastava com a ansiedade dos adeptos em relação à primeira parte.
No segundo tempo, Julen Lopetegui foi o primeiro a fazer uma alteração na equipa. O técnico basco lançou em jogo Herrera e tirou Rúben Neves. No entanto, o Benfica entrou melhor e logo aos 47 minutos, Jonas obrigou Danilo a cometer uma falta para respectivo cartão amarelo. A formação de Jorge Jesus tinha de redimir-se depois da primeira parte de fraca produtividade e no segundo tempo apresentou-se com outra dinâmica. Mais assertiva, e com um caudal de jogo mais 'volumoso', a equipa do Benfica conseguiu fazer o primeiro remate, digno desse nome, aos 50 minutos de jogo. No entanto, o disparo de Talisca não causou grande incómodo às luvas de Helton que parou o remate do médio brasileiro sem problemas. Quatro minutos depois, o mesmo Talisca correspondeu da melhor forma a um cruzamento de Pizzi, mas a bola acabou por sair ao lado da baliza do FC Porto. Depois de na primeira parte o FC Porto ter dominado o jogo, o Benfica surgia agora mais forte e 'possante'. Sem grande margem de manobra perante os acontecimentos, Lopetegui lançou no jogo Quaresma para tentar pressionar o lado de Eliseu, que já tinha visto um cartão amarelo no primeiro tempo. A entrada do extremo português surtiu efeito e o FC Porto ganhou outro tipo de profundidade no terreno de jogo. Jorge Jesus lançou depois em jogo Fejsa enquanto Lopetegui apostou na entrada de Hernâni para o lugar de Evandro. O jogo tornou-se novamente muito táctico, mas com muito mais velocidade. O Benfica procurava mais oportunidades de golo enquanto o FC Porto tentava explorar o contra ataque.
Com a entrada de Fejsa, o 'encarnados' conseguiram estancar e bloquear muito da fluidez ofensiva do FC Porto no centro do terreno. Com a saída de Talisca para o lugar do médio sérvio, Pizzi descaiu para a direita e acabou por impedir as investidas de Alex Sandro. Já com André Almeida em campo, o Benfica esteve perto de inaugurar o marcador aos 83 minutos quando após a marcação de um livre de Gaitán a bola sobrou para Fejsa, que no coração da área rematou por cima, um pouco à imagem da situação de perigo de Jackson Martínez na primeira parte.
Apesar das melhorias significativas na segunda parte, as equipas acabaram por anular-se até ao apito final de Jorge Sousa. Depois de uma primeira parte superior por parte do FC Porto, o Benfica acabou por equilibrar as 'forças' e terminar o segundo tempo com uma produtividade ofensiva positiva. Com este resultado, o FC Porto perdeu a hipótese de depender de si próprio para alcançar o primeiro lugar, enquanto o Benfica desperdiçou uma oportunidade soberana de dar um passo de gigante na conquista do título. No final do jogo, os técnicos começaram por cumprimentar-se como em qualquer país civilizado. No entanto, e talvez por uma questão linguística e de comunicação, Jorge Jesus e Julen Lopetegui acabaram quase 'em vias de facto' à boca do túnel de acesso para os balneários. Mas vamos aos factos propriamente ditos, com 12 pontos em disputa e três de distância entre os rivais, só uma coisa é certa: vai haver campeonato até ao fim.
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