A Coreia apresentou uma equipa unificada no Mundial de futebol de sub-20 de 1991, em Portugal, tal como vai acontecer nos Jogos Olímpicos PyeongChang2018, e a questão mais complexa de então foi a escolha da bandeira e do hino.

“Não houve nada de especial em relação à representação da Coreia. Houve apenas alguma preocupação em não empolar a questão, para não levar a situação para além do futebol, conferindo-lhe uma carga politica”, recorda à agência Lusa o diretor-geral do Comité Organizador Local (COL) desse campeonato, Bessa Tavares.

A participação de uma equipa unificada, no mesmo ano em que Coreia do Norte e Coreia do Sul também se apresentaram juntas no Mundial de ténis de mesa, no Japão, teve o beneplácito da FIFA, apesar de ambas terem garantido a qualificação separadamente, abrindo uma vaga para a Síria, pelo que o COL se limitou a “acertar agulhas”.

“Houve uma reunião com os embaixadores das duas Coreias na sede do comité organizador da prova e o único problema complexo para resolver foi o do hino e da bandeira, que foram escolhidos em conjunto por ambos e pela própria FIFA”, explicou Bessa Tavares.

A bandeira escolhida representava o território da península coreana, em azul, sobre um fundo branco, a mesma imagem que ostentavam os emblemas dos equipamentos da equipa unificada.

A presença da representação conjunta foi pacífica, sem qualquer nota de registo, num Mundial que até teve algumas situações estranhas, como os exames feitos no hotel aos jogadores do Egito e a exigência de a Costa do Marfim ser tratada por Côte d’Ivoire.

A seleção unificada, e formada por nove jogadores de cada lado do paralelo 38, não deu apenas nas vistas pelo simbolismo do momento, mas também por ter acompanhado Portugal, no Grupo A, com alguma surpresa, rumo aos quartos de final.

A Coreia estreou-se com uma inesperada vitória sobre a Argentina, por 1-0, empatou 1-1 depois com a República da Irlanda e foi derrotada no encerramento da fase de grupos por um golo de Paulo Torres no embate com Portugal (1-0), que viria a revalidar o título alcançado em Riade, em 1989.

Apesar do desaire, a Coreia garantiu o apuramento para os quartos de final e acabou por ser goleada por 5-1 pelo Brasil, que viria a perder a final frente a Portugal, nas grandes penalidades.

Antes do Mundial luso, os dois países tinham formado, pela primeira vez depois da guerra fratricida de 1950/53, uma seleção conjunta nos campeonatos do Mundo de ténis de mesa, na cidade japonesa de Chiba, coroada com o título mundial feminino por equipas.

Praticamente 27 anos depois, a Coreia vai voltar a apresentar uma equipa unificada na copetição feminina de hóquei no gelo dos Jogos Olímpicos de Inverno PyeongChang2018, na Coreia do Sul, onde vão reeditar também o desfile conjunto nas cerimónias protocolares, tal como ocorreu em Sydney2000, Atenas2004 e Turim2006.