Num terreno onde habitualmente ganha, mesmo sofrendo, o FC Porto saiu do António Coimbra da Mota com o essencial: três pontos e pressão sobre o Benfica. André Silva desbloqueou um jogo que parecia caminhar para o 0-0. Na próxima ronda, a 20.ª, os ´dragões` recebem o Sporting, com quatro pontos de vantagem. Para já, a equipa de Nuno coloca pressão sobre o Benfica que só joga na segunda-feira frente ao Setúbal, fora de portas. A diferença para o líder é agora de um ponto.

O jogo: Emendar erro e esperar por André Silva, o salvador

O jogo ofensivo do FC Porto vive muito do que se constrói nos flancos. Ora pelos laterais, com incidência para Alex Telles, ora pelos extremos, quer sejam Diogo Jota, Brahimi ou Corona. Ou mesmo Otávio. A equipa precisa de criativos, precisa de desequilibradores para fazer balançar as defensivas contrárias. Só que volta e meia Nuno Espírito Santo resolve fazer experiências. E raramente dão certo, como se mostrou em Tondela no início da época (5.ª jornada) quando ´inventou` na construção da equipa, deu uma parte de avanço e só saiu com um ponto.

Na conferência de imprensa, NES não quis explicar porque entrou em campo com quatro médios quase iguais: Danilo, Óliver, André André e Herrera. Sendo que estes dois últimos eram quem se ocupavam das faixas do ataque. Não se admirou nada que o FC Porto tenha ido para o intervalo sem criar uma verdadeira situação de golo. Com um futebol muito afunilado, sem criatividade, sem desequilíbrios nas alas, os lances de perigo foram uma raridade no primeiro tempo. Nem a entrada de Brahimi ainda no primeiro tempo, aos 35 minutos, melhorou o jogo da equipa até porque quem saiu foi Diogo Jota e o argelino foi jogar nas costas de André Silva. O superpovoado miolo do terreno ganhava mais um elemento.

Vendo que corria o risco de sair do António Coimbra da Mota sem os três pontos, Nuno teve de ceder e voltar a fórmula de maior sucesso, com Corona e Brahimi nas alas e Rui Pedro a fazer dupla com André Silva. A produção ofensiva dos ´dragões` melhorou, o jogo ofensivo do Estoril desapareceu já que a equipa passou a estar ainda mais concentrada em defender.

O jogo só foi resolvido por André Silva que ´cavou` um penálti que ele mesmo converteu aos 83 minutos e ainda deu um golo a marcar a Corona aos 90. Nos descontos, o Estoril reduziu. Nuno tem de rever as suas apostas. Deixar Brahimi no banco frente a um Estoril fechado a defender é algo que nenhum adepto do FC Porto percebe. Para a semana há clássico no Dragão e pede-se outra equipa, outra atitude frente ao Sporting, se o FC Porto quiser ficar com os três pontos.

Momento-chave: André Silva ´saca` um penálti e desbloqueia o jogo

Numa altura em que o FC Porto já jogava com dois avançados e dois extremos e pressionava ainda mais o Estoril, André Silva ´sacou` um penálti que tranquilizou a equipa. O avançado foi derrubado na área por Moreira, após passe de Brahimi, num lance em que mostrou inteligência: chegou primeiro, deu um toque na bola para o lado e ficou à espera do contacto de Moreira que vinha lançado. Não tremeu e converteu a grande penalidade aos 83 minutos.

Polémica: Dois penáltis e um golo anulado

Aos 56 minutos, André Silva caiu na área do Estoril, num lance com Taira. Pediu penálti mas o árbitro mandou seguir.
Aos 76 Rui Pedro colocou a bola dentro da baliza mas o árbitro anulou o lance por considerar que o avançado estava em posição irregular. Dragões protestaram decisão.
Aos 81, André Silva cai na área num lance com Moreira e o árbitro assinala grande penalidade. Os jogadores do Estoril não concordaram com a decisão.

Aos 86 Rui Pedro cai na área num lance com Diakhité. O jovem pede penálti, o árbitro assinala simulação e motra-lhe amarelo.

Os melhores: André Silva, Brahimi e defesa do Estoril

André Silva: ´cavou` o penálti aos 83 minutos que converteu em golo e fez a assistência para Corona fazer o 2-0. Dos melhores do FC Porto.

Brahimi: saltou do banco aos 35 minutos para mexer com o jogo do FC Porto, acrescentando criatividade, algo que faltava à equipa de Nuno.

Defesa do Estoril: limitou e muito o jogo do FC Porto, não dando muito espaço aos ´dragões`. A equipa defendeu como um todo e conseguiu anular o FC Porto na maior parte das vezes

Os piores: Mexidas de Nuno, 1.ª parte do FC Porto e Herrera

Nuno Espírito Santo: voltou a entrar com um meio-campo com quatro médios similares, numa equipa sem extremos e sem criativos. Tentou emender logo aos 35 mas para pior, já que tirou Diogo Jota para lançar Brahimi que foi jogar no meio. No segundo tempo corrigiu e o FC Porto melhorou com Corona e Brahimi nas alas e Rui Pedro e André Silva na frente.

1.ª parte do FC Porto: muito fraco para uma equipa que luta pelo título. Zero oportunidades de golo, falta de imaginação e criatividade, muito jogo pelo meio. Pedia-se mais.

Herrera: é o capitão da equipa e tem jogado mais ultimamente. Nas está longe do Herrera de outros tempos. Mastiga muito o jogo, trava as jogadas, decide quase sempre mal no último terço. Em consequência disso, nunca termina um jogo. É sempre dos primeiros a ser substituído.

Reações

Nuno Espírito Santo: "Brahimi e Corona no banco? São decisões"

André Silva: "Sair? o meu objetivo é jogar com esta camisola"

André Claro: "Não demos muitas oportunidades ao FC Porto"

Pedro Carmona: "O árbitro e os assistentes não estiveram nos seu dias"

Curiosidades:

Este foi o 16.º jogo consecutivo do FC Porto sem perder: Nuno igualou o melhor registo das últimas três épocas. A última vez que os ´dragões` estiveram 16 jornadas sem perder numa só edição do campeonato foi em 2014/15, com Lopetegui.

O FC Porto voltou a sofrer um golo fora de casa: no campeonato, não acontecia desde agosto, quando perdeu em Alvalade (2-1). No total, os ´azuis-e-brancos` estiveram seis jogos consecutivos sem sofrer qualquer golo fora de casa na I Liga.

O pior ataque do campeonato (Estoril) marcou à melhor defesa da prova (FC Porto). Na Amoreira manteve-se a tradição recente: o Estoril marca na receção ao FC Porto pelo 6.º jogo consecutivo.

Esta foi a 7.ª derrota consecutiva do Estoril no campeonato e já não vence na competição há oito jornadas. Foi também a sexta derrota em seis jogos do técnico espanhol Carmona na I Liga.

Foi 17.º golo de André Silva esta época, o 12.º golo no campeonato. O jovem avançado é o português mais rápido a marcar 20 golos pelo FC Porto (43 jogos) desde 1982/83 (Jacques).

Corona regressa aos golos na Liga. Não marcava desde a 1.ª jornada, em agosto, frente ao Rio Ave. Em todas as provas, o mexicano não fazia o gosto ao pé desde 7 dezembro, quando marcou ao Leicester na Liga dos Campeões.