A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) aprovou um plano transversal de desenvolvimento da modalidade até 2030, data em que pretende organizar o Mundial juntamente com a Espanha, apontando, entre outros objetivos, aos 400 mil federados.

Atualmente, a FPF conta com menos de 200 mil federados (162.613 no futebol, 154.024 nos escalões jovens, 33.432 no futsal e 12.161 do sexo feminino), um número semelhante ao registado em 2019/20, mas que supera os 260 mil se for seguido o critério da FIFA, de contabilizar os inscritos nos últimos 30 meses (218.319 no futebol, 203.344 jovens, 51.961 no futsal e 17.395 do sexo feminino).

O ‘Futebol2030’, aprovado pela direção federativa, propõe-se ser um plano estratégico para a década, tendo em vista a preparação para a incerteza do futuro, comprovada com a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, numa sociedade certamente cada vez mais dependente de tecnologias.

“Somos um dos países mais bem-sucedidos do futebol europeu: no desempenho desportivo, na qualidade da formação, no interesse da população sobre o jogo, na capacidade organizativa e diretiva. Mas queremos mais e sabemos que podemos fazer mais”, aponta o documento hoje divulgado pela FPF.

Assim, tendo em vista o desenvolvimento da modalidade e a captação novos agentes (jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes), adeptos e receitas, propõe 15 programas de transformação e oito de evolução, tendo em vista vários objetivos, num mundo cada vez mais digital, com novos padrões de consumo, com macrocidades, com novos mercados de consumo, nomeadamente o asiático, e com cada vez mais preocupações ambientais.

Entre as metas apontadas, além dos 400 mil praticantes de futebol e futsal (325 mil do sexo masculino e 75 mil feminino), a FPF pretende somar meio milhão de jogadores informais registados, conseguir uma ocupação média dos estádios acima dos 50%, um milhão de utilizadores registados nas suas plataformas digitais e alcançar uma audiência média televisiva de 115 mil espetadores na Liga feminina.

Desportivamente, o plano preconiza a obtenção de mais de 60% do tempo útil de jogo e alcançar ou manter as posições nos ‘rankings’ internacionais, como a liderança europeia no futsal e o ‘top3’ mundial no futsal, em ambos os sexos, e o sexto posto masculino e feminino a nível europeu no futebol, com o quinto lugar na FIFA nos homens e o 20.º nas mulheres.

“O sucesso dos programas de transformação e evolução dependerá do esforço de FPF, associações distritais e regionais, sócios de classe, parceiros e patrocinadores, clubes, do governo e autarquias. O futebol precisa de todos”, realça a FPF, que aponta ainda à plena qualificação de dirigentes e a estabilização do retorno social do investimento em 13%.

Para lá chegar, o 'Futebol2030' propõe os tais 23 programas de transformação e evolução, a desenvolver em praticamente todas as áreas da sociedade e escalões etários, assentes em vários pilares como a sustentabilidade, o envolvimento, a infância e o crescimento, o futebol para todos e todas e a qualidade de jogo.

Entre estes programas estão, por exemplo, o ‘Joga aqui', que visa criar espaços para jogar futebol em todo o país, o ‘Bola na escola’, para promover a representatividade do desporto com bola no currículo de ensino das idades infantis, e o ‘Clube da terra’, que procura “trazer as pessoas de fora dos centros urbanos do país de volta ao futebol, como ponto de encontro familiar e convívio local”.

Outros casos são o ‘Sempre aqui’, que tem como objetivo “garantir que o futebol está presente na vida dos portugueses desde cedo”, mas outros são mais virados para a competitividade do futebol e do futsal nacional, assentes na revisão dos calendários, a dinamização do futebol feminino de elite e a internacionalização do futsal.

De acordo com o 'Futebol2030', as cinco grandes “forças de mudança” vão estar na transformação da experiência futebolística alavancada pela tecnologia, no aumento da participação das mulheres no futebol, no crescimento dos esports, nos impactos na atual fórmula de receitas e novas fontes e na incerteza do futuro, acentuada pela pandemia e pela guerra.

Este plano foi desenvolvido pela direção liderada por Fernando Gomes, cujo mandato termina em 2024, tendo ainda contado com a presença de Tiago Craveiro, antigo diretor-geral do organismo que rumou no mês passado à UEFA.

O horizonte temporal do plano coincide com a candidatura de Portugal e Espanha à organização da 24.ª edição do campeonato do mundo de futebol, à qual deve concorrer contra Marrocos, a candidatura conjunta de Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile e a de Roménia, Grécia, Bulgária e Sérvia.

O processo de candidaturas deve ser lançado no segundo trimestre de 2022 e a escolha dos anfitriões deve ocorrer no 74.º congresso da FIFA, em 2024.