O presidente da Federação Portuguesa de Futebol alertou para a necessidade de “encontrar respostas que possam mitigar as consequências do terramoto da pandemia”, na abertura do Congresso Internacional Desporto para Crianças e Jovens, na Cidade do Futebol.

“Durante a paragem das competições, em 2020, mais de 70 mil jovens e adultos deixaram de praticar futebol federado. No espaço de um ano perdemos 35% dos praticantes que, felizmente, e graças a um esforço coletivo, conseguimos recuperar. Este ano, temos 215 mil praticantes inscritos. São mais 100 mil em relação ao ano da pandemia, num crescimento de 70%”, disse Fernando Gomes, diante uma plateia de centenas de pessoas.

Perante o cenário nacional e as consequências da pandemia da covid-19, a FPF lançou um plano estratégico para o futebol 2030, liderado pela Portugal Football School, através de uma intervenção junto de 1.303 crianças de 44 escolas do 1.º ciclo, em 24 conselhos do país, em 18 distritos, durante um período de três meses (9 de janeiro a 31 de março), com uma sessão de 60 minutos por semana.

“Sabemos que a prática da atividade desportiva é fundamental para cuidar da saúde dos portugueses de todas as idades. O plano estratégico da FPF – Futebol 2030 – contempla uma série de programas estruturantes para a promoção do desporto nas idades mais jovens, procurando um desenvolvimento saudável das crianças e da sociedade em geral”, prosseguiu Fernando Gomes.

Além de defender que “a escola é uma ferramenta e um espaço essencial para a atividade física”, o dirigente enalteceu um “programa de motricidade, mas que procure igualmente contribuir para melhorar a cultura desportiva em Portugal”.

“Um programa que procura fomentar a igualdade, o respeito, o desportivismo e todos os valores cívicos associados a uma prática desportiva saudável”, referiu.

Com vista ao combate do sedentarismo, à mudança de mentalidades e ao incentivo da brincadeira, jogar à bola e praticar desporto, Fernando Gomes anunciou o objetivo de alargar o projeto às mais de 3500 escolas do ensino básico do país, regiões autónomas inclusive, prevendo um “investimento de mais de meio milhão de euros”, no próximo ano letivo, "num programa que é para toda a gente”.

Depois da abertura do Congresso, que decorre entre hoje e sábado, foi a vez do professor catedrático e investigador Carlos Neto partilhar as ilações de uma experiência pedagógica de mais de 50 anos com crianças entre os 3 e os 10 anos, fazendo uma leitura do contexto global e abrindo horizontes para um futuro mais ágil e ativo (motor e cognitivo).

“O mundo mudou e o desporto também tem de mudar”, sublinhou.

Já André Seabra, Professor Doutor responsável pela Portugal Football School, apresentou os resultados do projeto-piloto Bola Mágica, destacando a melhoria geral das competências motoras em todos os grupos intervencionados, durante as 12 semanas do programa, a satisfação de 97% dos pais e a felicidade plena (100%) de todas as crianças envolvidas.

Além de garantir não existir diferenças entre o litoral do país e o interior, André Seabra destacou a menor evolução das crianças das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, por várias razões, entre as quais os programas locais de desporto escolar, e o caso em particular do agrupamento de escolas de Sintra, onde foram cumpridas as linhas de recomendação propostas pela Organização Mundial de Saúde.

Após a apresentação na Cidade do Futebol, onde hoje marcaram presença algumas das figuras mais carismáticas do futebol português, como Humberto Coelho, Toni, Pauleta, João Vieira Pinto, Abel Xavier, Dimas, José Couceiro, entre outros, o estudo e os resultados da Bola Mágica foram disponibilizados no site da FPF.