O presidente da FIFA, Gianni Infantino, assumiu-se hoje “brasileiro e chapecoense” durante a homenagem aos falecidos no acidente de avião de segunda-feira na Colômbia, que vitimou grande parte da equipa de futebol do clube.

“Hoje todos somos brasileiros, todos somos chapecoenses”, declarou o dirigente ítalo-suíço, perante cerca de 20.000 pessoas que abarrotaram o estádio Arena Condá, apesar da forte chuva.

Em discurso curto, de pouco mais de um minuto, concluído com enérgico “Força Chape!”, Infantino expressou carinho pelos presentes e enviou um “grande abraço” a todos os presentes e cidadãos de Chapecó, localidade com pouco mais de 200.000 habitantes.

Em nome da cidade, o autarca Luciano Buligon agradeceu aos “irmãos colombianos” o amparo na sequência do acidente que vitimou 71 pessoas, entre elas boa parte do plantel do Chapecoense.

As alusões à Colômbia e ao Atlético Nacional de Medellín, com quem ia disputar a primeira mão da final da Taça Sul-americana, foram uma constante durante o velório coletivo no qual se estima que cerca de 100.000 pessoas renderam homenagem aos seus ídolos, familiares e amigos do Chapecoense.

Buligon, que em Medellín acompanhou os trabalhos de repatriação das vítimas, esteve no relvado com a camisola do Atlético Nacional e garantiu que os brasileiros “nunca esquecerão o que a Colômbia fez pelo ‘Chape’”, como é conhecido o clube do estado de Santa Catarina.

“Obrigado à solidariedade, à caridade e à fraternidade do povo: além da sua competência na hora de trabalhar pelo ser humano, pudemos ter a dignidade de trazer para a nossa terra os corpos das vítimas”, destacou.

O presidente interino do clube, Iván Tozzo, agradeceu aos “irmãos colombianos” por “amparar e acolher os guerreiros” depois do fatal acidente, a poucos quilómetros do aeroporto de Medellín.

Nas bancadas, havia bandeiras da Colômbia e grandes cartazes nos quais se lia “muito obrigado ao povo colombiano”.

O presidente do Brasil, Michel Temer, também expressou ao seu homólogo colombiano, Juan Manuel Santos, e às autoridades locais a sua gratidão pelo apoio prestado durante e depois dos trabalhos de resgate.

Na quarta-feira, à hora que o desafio deveria disputar-se, dezenas de milhares de colombianos lotaram o estádio – muitos milhares ficaram cá fora, sem lugar – para homenagem à equipa brasileira.

O clube colombiano pediu mesmo à Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) para que o título fosse entregue ao Chapecoense.

Cerca de 100.000 pessoas manifestaram-se hoje pelas ruas de Chapecó e na Arena Condá, estádio da Chapecoense, em homenagem às vítimas.

A passagem de quatro camiões com os caixões de 50 das vítimas mortais da queda do avião na Colômbia foi acompanhada por milhares de cidadãos, a maioria vestida com o verde alusivo à Chapecoense, desde que os corpos deixaram o aeroporto Serafin Enoss Bertaso, em Chapecó, aonde chegaram hoje em dois aviões Hércules C-130 da força aérea brasileira.

Os féretros de 19 jogadores do 'furação do oeste', de dirigentes, jornalistas e outros acompanhantes da equipa, foram trasladados para os camiões ornamentados com o emblema do clube sobre um fundo negro e com a mensagem #ForçaChape.

Num vídeo, a Chapecoense agradeceu, com um obrigado em várias línguas, as manifestações de carinho recebidas de todos o mundo.

"Procurámos uma palavra para agradecer tanto carinho e entrámos várias: 'gracias', 'thank you', 'merci', 'grazie', 'danke', 'gràcies', 'salamat'", pôde observar-se no pequeno filme.

A chegada ao estádio aconteceu entre aplausos e ovações de uma multidão que aguardou várias horas debaixo de chuva para receber os corpos com flores, cartazes e bandeiras do Brasil, da Chapecoense e até da Colômbia.

A queda do avião na segunda-feira causou a morte a 71 das 77 pessoas que seguiam a bordo, incluindo a maioria dos jogadores da Chapecoense, e dirigentes e jornalistas que acompanhavam a equipa, que se preparava para disputar a primeira mão da final da Taça Sul-americana com os colombianos do Atlético Nacional.