Com apenas 31 anos, José Enrique resolveu colocar um ponto final na carreira de jogador. Uma lesão grave num joelho obrigou o antigo lateral esquerdo do Liverpool a 'pendurar' as chuteiras em 2017. Uma decisão difícil de aceitar. Meses depois, outra notícia pior: em maio de 2018 foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral.
"Olhava para a luz e doíam-me os olhos. O meu irmão disse que era cansaço, mas, quando acordei no dia seguinte não estava a ver bem do olho esquerdo. [...] Depois dos exames disseram-me que não era um derrame, mas sim um tipo de tumor muito raro que se desenvolve no crânio e na coluna, que estava ali desde muito jovem", contou o jogador, ao jornal 'The Times'.
O antigo jogador, agora com 33 anos, contou que ficou assustado com a notícia, tal como a namorada inglesa. Mas decidiu que tinha de lutar a contra a doença.
"Quando ouves que tens um tumor maligno pensas logo que vais morrer. Enquanto futebolista sentia-me invencível, porque estava em boa forma, mas depois surge algo assim e assustas-te. Disseram-me que depois da operação seria submetido a radioterapia, quimioterapia e terapia de protões. A minha namorada estava muito assustada, mas ajudou-me a pensar que tinha de lutar por ela. Outras pessoas não têm tanta sorte", atirou.
Para o antigo lateral espanhol, lidar com o cancro foi mais fácil do que a decisão de deixar o futebol.
"Pareceu-me mais fácil aceitar que tinha o tumor do que aceitar o final de carreira, com a lesão no joelho. Era um jogador perdido, fazia parte de uma equipa que tinha os outros 25 jogadores a treinarem normalmente, a jogarem e a divertirem-se. A reforma é difícil de aceitar para muitos jogadores, nos primeiros meses foi complicado", explicou.
O jogador foi operado em Paris e fez o resto da recuperação em Espanha. José Enrique revelou também que perdeu a capacidade de chorar.
"Foi uma operação de risco elevada. Expus-me a um tratamento novo para estes casos, a protonterapia, e, em consequência disso, já não consigo chorar, porque não gero lágrimas", contou, agora numa entrevista ao jornal 'Marca', 15 de janeiro.
Depois de 'pendurar' as chuteiras, juntou-se ao irmão numa empresa de representação de futebolistas.
"Gosto muito de conversar com futebolistas. Já ajudava jovens quando estava no Liverpool, como Sterling, por exemplo. Tento sempre tranquilizá-los quando jogam e tento ser o mais sincero possível com eles", frisou.
José Enrique foi formado no Levante, de onde saiu para o 2005/2006. Passou ainda pelo Newcastle, Villarreal e Liverpool, antes de voltar a Espanha para jogar no Saragoça, onde terminou a carreira em 2016/2017, com 27 jogos e um golo.
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