
A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), atualmente em negociações de paz na Colômbia, é responsável pelo rapto do pai do jogador Luis Díaz, informou o governo colombiano esta quinta-feira (2).
"Temos conhecimento de que o sequestro perpetrado no passado 28 de outubro em Barrancas, departamento de La Guajira, de que foram vítimas Luis Manuel Díaz e Cilenis Marulanda, pai e mãe do jogador de futebol Luis Fernando Díaz, foi perpetrado por uma unidade pertencente ao ELN", refere o comunicado assinado pelo chefe de delegação do governo, Otty Patiño.
Os pais do futebolista Luiz Díaz, ex-FC Porto e que alinha no Liverpool, foram raptados no sábado na Colômbia, na localidade de Barrancas, com as autoridades a conseguiram resgatar a sua mãe, mas a procurarem ainda pelo pai.
O sequestro ocorreu quando os pais do internacional colombiano conduziam uma viatura no bairro de Los Olivos, em Barrancas, departamento de Guajira, onde o jogador nasceu, e foram abordados por quatro indivíduos em motociclos.
As autoridades conseguiram resgatar a mãe, Cilenis Marulanda, mas continuam à procura do pai, Luis Manuel Díaz, com o diretor da polícia colombiana, general William Salamanca, a garantir que estão empenhadas “todas as capacidades aéreas e terrestres da polícia, com a colaboração do exército”.
Luis Diaz já falou ao telefone com o diretor da polícia colombiana, que garantiu que nenhum esforço está a ser poupado nas buscas pelo seu pai e que a sua mãe se encontra “bem” depois de ser resgatada.
Segundo as autoridades, os raptores não fizeram contacto com a família para pedir dinheiro em troca da libertação do pai do jogador do Liverpool e da seleção colombiana, que ainda não se manifestou publicamente sobre o assunto e recebeu apoio da FIFA e outras entidades do futebol mundial.
Patiño pede a entrega imediata do pai do jogador e recorda à guerrilha que "o sequestro é uma prática criminal, violadora do Direito Internacional Humanitário".
O governo "realizará todas as ações necessárias para conseguir a libertação imediata e com garantia de vida e integridade do senhor Díaz", acrescenta o negociador.
O acordo de cessar-fogo que entrou em vigor em 03 de agosto, por 180 dias, "proíbe qualquer ação ofensiva entre as partes e também todas as ações proibidas pelo DIH, que considera a tomada de reféns, como seria o caso, já que Díaz é um civil, como crime de guerra", refere ainda Patiño.
Desde que foi conhecido o sequestro do pai do jogador do Liverpool que as autoridades colombianas desencadearam uma busca por terra e pelo ar, envolvendo 130 polícias e 110 militares.
A busca concentra-se na região rural de Barrancas, junto à localidade Fonseca (La Guajira), onde residem os pais do jogador.
O procurador-geral da Colômbia, Francisco Barbosa, disse recentemente que 'Mane' poderia estar em território venezuelano. A polícia não corroborou esta informação, mas alertou as autoridades do país vizinho.
Nessa região isolada, epicentro do contrabando, também estão presentes os dissidentes da guerrilha das FARC que não aceitaram o acordo de paz de 2016, bem como grupos paramilitares e gangues de crimes comuns.
O ELN não assumiu a responsabilidade do sequestro nos seus canais de comunicação. Os rebeldes armados estão em cessar-fogo com o poder público desde o dia 3 de agosto. A trégua é vigiada pela ONU e outros órgãos internacionais.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, tenta desarmar através do diálogo os rebeldes, que desde 1964 desafiam o Estado e financiam-se com resgates pagos pela libertação de pessoas raptadas, extorsão, narcotráfico e mineração ilegal.
A Colômbia é um país afligido por seis décadas de conflitos armados que já fizeram 9,5 milhões de vítimas, 38.028 delas sequestradas.
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