Os responsáveis máximos de formação e ‘scouting’ de Benfica, Sporting, FC Porto e Sporting de Braga concordaram hoje sobre a necessidade de encontrar soluções para proteger os jovens futebolistas.

Essa vertente foi debatida como tópico no fórum Football Talks, realizado na Cidade do Futebol, em Oeiras, a cargo da Federação Portuguesa de Futebol e motivou por parte do coordenador executivo do Sporting de Braga, Hugo Vieira, a convicção de que “é o todo, e o todo é a qualidade dos jovens portugueses e da excelência que temos à disposição, que motiva a elevada quantidade de talentos para a prática do futebol em Portugal”.

O dirigente bracarense defendeu a importância de ter em atenção “a carga horária” e a importância de proporcionar o que chamou de “horários decentes” para possibilitar que os atletas possam deslocar-se de regresso às respetivas casas sem prejuízo do desenvolvimento pessoal.

De acordo com essa ideia, estava diretor-geral da formação do Benfica, Pedro Mil-Homens: “Muitos colegas não portugueses que nos visitam fazem-nos essa pergunta [o que motiva o aparecimento tão elevado de talentos no futebol de formação português]. Se fosse pela nossa água era fácil, mas é um todo”, definiu.

“Fiz 300 quilómetros para estar aqui, pois não sabia que iria estar de férias quando aceitei o convite. Portanto, farei mais 300 para regressar junto da minha família, e só regresso satisfeito se perguntar: ‘o que é que podemos mudar’?," colocou o responsável máximo pelo futebol de formação do Benfica.

Pedro Mil-Homens, que chefia o trabalho realizado no Benfica Campus, no Seixal, “é preciso olhar para a formação para a melhorar, responsabilizar as Associações e olhar de forma muito corajosa para a oferta competitiva dos escalões mais jovens”.

Por seu lado, o coordenador técnico da formação do FC Porto, Filipe Ribeiro, considera que o segredo do sucesso reside na “paixão que existe há volta do futebol”, algo que considera “transversal” e que levou ao atual “desenvolvimento”, insistindo na importância de rever a forma como os campeonatos nas competições mais jovens, “essencialmente até aos 12 anos”, são atualmente organizados.

O alto quadro da formação do clube ‘azul e branco’ lembrou que, quando estava no Vitória de Guimarães, “a Associação de Futebol de Braga reuniu com os clubes para discutir esta problemática", e sugeriu que esse tipo de prática possa continuar a acontecer.

Já o coordenador de ‘scouting’ do Sporting, Paulo Noga, mencionou o “orgulho de ser português”, algo que, salientou, se sente no estrangeiro e “muitas vezes é o que faz a diferença”, definindo ainda como uma das principais virtudes existentes no futebol português no seu geral, como também muito particularmente na formação, a “alta competitividade”, frisando que “não há ninguém que esteja ligado ao futebol que não queira ser bom”.