O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa indeferiu os requerimentos apresentados pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e pela UEFA para se constituírem assistentes no processo que investiga o português Rui Pinto, colaborador do Football Leaks.

Fontes judiciais explicaram hoje à agência Lusa que o juiz de instrução criminal rejeitou os requerimentos por entender que estes organismos que tutelam o futebol nacional e europeu não reúnem as condições para se constituírem assistentes no processo, nomeadamente o facto de não serem ofendidos no mesmo.

Segundo as mesmas fontes, esta decisão do TIC de Lisboa vai ao encontro das posições, quer do Ministério Público (MP), quer da defesa do arguido, pois ambos se opuseram a esta pretensão da FPF e da UEFA, que assim ficam impedidas de auxiliar o MP, de intervir no processo, de o consultar ou de solicitar diligências.

O Sporting, a Doyen e o Benfica constituíram-se assistentes no processo, o que lhes permite intervir no inquérito e na fase de instrução, apresentar provas e requerer diligências que considerem necessárias.

Os requerimentos chegaram ao DCIAP no início de abril, com a UEFA e a FPF a pedirem autorização para consultar os autos, alegando estar em causa o envolvimento de vários operadores ligados ao futebol.

Em Portugal, Rui Pinto está indiciado de seis crimes, todos relacionados com acessos aos sistemas informáticos do Sporting e da Doyen Sports e com uma tentativa de extorsão a este fundo de investimento: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.

O crime de tentativa de extorsão diz respeito ao episódio em que Rui Pinto tentou, alegadamente, extorquir entre 500 mil e um milhão de euros à Doyen, com a intermediação do seu advogado à data, Aníbal Pinto.

Em prisão preventiva no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária, em Lisboa, Rui Pinto é também apontado como o principal suspeito do furto dos emails do Benfica, que foram revelados a partir de 06 de junho de 2017 pelo diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, no Porto Canal, e em diversos blogues.

O ataque informático à sociedade de advogados PLMJ, em dezembro de 2018, mas que só foi conhecido em 07 de janeiro de 2019, é outra das suspeitas que recai sobre o colaborador do Football Leaks. Entre os documentos divulgados no blogue Mercado de Benfica constavam emails de João Medeiros, um dos três advogados do Benfica no processo E-Toupeira.

*Artigo atualizado