Igual a si próprio. José Mourinho foi apresentado ao final da manhã no Estádio Santiago Bernabéu para uma plateia repleta de jornalistas de vários países do mundo. A sala de imprensa do Estádio Santiago Bernabéu esteve ainda mais cheia do que na final da Liga dos Campeões disputada no dia 22 de Maio, curiosamente com a presença de José Mourinho, ainda técnico do Inter de Milão.

À primeira pergunta dos meios de comunicação social espanhóis, o treinador português, ainda com alguma dificuldade em falar castelhano, deu uma resposta “à Mourinho”.

“Se nasci para treinar o Real Madrid? Não sei se nasci para treinar o Real Madrid. Sei apenas que nasci para ser treinador de futebol e gosto dos maiores desafios, e a minha atracção pelo Real Madrid é pela sua história pelas suas frustrações nos últimos anos e pelas suas expectativas de ganhar. É um orgulho muito grande. Há quem diga que é bonito jogar no Real Madrid, que é bonito treinar no Real Madrid, eu digo que, bonito, bonito, bonito é ganhar no Real Madrid.”

José Mourinho assinou um contrato válido por quatro temporadas e na sua apresentação admitiu que chega cheio de ilusão e confiança em singrar em Madrid.

"Eu sou um treinador com muita auto-estima, com muita autoconfiança e não penso em destituição. Tudo o contrário. Penso que quatro anos de contrato são suficientes para ganhar, construir uma equipa com identidade, preparar futebolisticamente o presente e o futuro do Real", disse o treinador português.

Sobre uma possível revolução no balneário do Real Madrid, José Mourinho afastou esse cenário, e adiantou que necessita apenas de fazer umas adaptações de acordo com a sua maneira de trabalhar.

“Quero transformar algumas coisas de acordo com a minha maneira de trabalhar. Ninguém pense em transformações radicais apenas algumas adaptações. O mais importante é o clube e não os jogadores ou os treinadores. O mais importante é o trabalho de grupo e não as individualidades. Necessito apenas de três ou quatro jogadores para ter uma equipa com mais possibilidades”.

Insistentes, os jornalistas no auditório voltaram a perguntar se o técnico português pretende contratar jogadores como Maicon ou Di María. Mourinho respondeu apenas que o verão em Madrid vai ser muito calminho. "A imprensa pode concentrar-se no Mundial2010, na África do Sul, porque por aqui não vai haver muita agitação quanto a contratação de jogadores".

O Real Madrid já não vence a Liga dos Campeões desde 2002, e viu o título de campeão de Espanha ir para o Barcelona nos últimos dois anos. Mourinho chega a Madrid pela porta grande e com os mesmos objectivos de sempre por onde passa, vencer.

"Os meus objectivos no Real não são diferentes dos outros clubes, em traços largos construir o presente e o futuro. Gosto da pressão, não gosto da protecção de dizer que preciso de três, quatro, cinco anos, para atingir objectivos. Parece-me que o segundo ano de trabalho é o ano-chave, onde se encontra o equilíbrio entre o crescimento de uma equipa e o cunho do seu treinador. Foi no segundo ano que fomos campeões europeus no F.C. Porto, no Inter, foi sempre no primeiro ano que ganhámos campeonatos. Não precisamos de muito tempo para construir uma equipa. Para uma equipa com identidade própria, também com futuro, sim, precisa-se de mais tempo. Mas para lutar pelos objectivos que são os títulos, parece-me que até na primeira época podemos conseguir."

Mourinho chega a uma realidade muito particular no Real Madrid. A pressão de vitórias é muito grande e normalmente os treinadores não duram mais do que uma época. Sobre como poderá o técnico português tornar o Real Madrid numa equipa vencedora novamente, Mourinho afirmou que o mais importante é diagnosticar e conhecer o clube por dentro.

"Primeiro que tudo, a fazer muitas perguntas, a falar o menos possível e a tentar perceber melhor a realidade do meu novo clube. Diagnosticar é mais importante do que decidir e é o que quero, com a maior confiança nas pessoas que trabalham e conhecem o clube, tentar diagnosticar o mais possível para depois transformar algumas coisas, adaptar algumas coisas em função do meu modo de trabalhar", rematou.

José Mourinho fez-se acompanhar pela sua equipa técnica que se "misturou" entre os jornalistas sentados.