A Polícia Judiciária evitou um ataque terrorista durante o Campeonato da Europa de 2004, que decorre em Portugal. A revelação é de Carlos Anjos, antigo inspector-chefe da Polícia Judiciária (PJ).

Diz Carlos Anjos, ao jornal 'I', que o atentado deveria ocorrer aquando da sessão de abertura do Euro 2004, não se sabendo se seria no jantar de abertura, no Edifício da Alfândega do Porto, ou no jogo inaugural, no Estádio do Dragão.

Carlos Anjos, que falava durante as Jornadas Parlamentares do CDS-PP, em Braga, explicou ainda que houve diferenças nas intenções de atuação dos diferentes ramos de segurança: o SIS e a PJ:

"Recebemos uma informação três meses antes do Euro 2004, de que exatamente aqui, em Braga, encontrava-se um grupo algures a preparar um atentado terrorista, tendo em vista o maior evento da altura que era o campeonato europeu. Nós, PJ, decidimos que quatro horas antes, se não houvesse mais nada, iríamos detê-los com base nos documentos falsos. Foi isso que fizemos e a decisão foi muito bem tomada e ultrapassámos aquele caso", explicou.

O antigo inspector-chefe da Polícia Judiciária (PJ) revelou que um dos suspeitos era Mohammed Bouyeri, muçulmano radical com dupla nacionalidade holandesa e marroquina, e que foi condenado a prisão perpétua em 2005 pela justiça holandesa. Sete meses depois de ser expulso de Portugal, Bouyeri tentou assassinar Theo van Gogh, sobrinho neto do pintor Vincent van Gogh, que realizou um documentário intitulado 'Submissão' onde criticou o tratamento dado às mulheres no mundo islâmico.

"Um desses elementos, dos que foram então expulsos de Portugal, já sete meses depois fez um atentado que vitimou mortalmente o cineasta Theo van Gogh", completou. Theo van Gogh foi abatido e esfaqueado por Bouyeri enquanto andava de bicicleta em Amesterdão.