
O amor pela mulher da sua vida levou Dexter Cooper, único cidadão da ilha caribenha de Santa Lúcia em Bissau, até à Guiné-Bissau onde vive feliz há 13 anos, distribuídos entre a paixão pela família e o ensino de futebol às crianças.
Veja o vídeo
Dexter conheceu a mulher quando ambos estudavam em Cuba. Cursou economia e a esposa, atualmente juíza no tribunal de Bissau, formou-se em Direito.
Quando ambos terminaram as respetivas formações, ainda tentaram morar em Santa Lúcia e em Portugal, onde ficaram por quatro anos, mas a mulher voltou a Bissau em 2008 por dificuldades em encontrar trabalho na área da sua licenciatura e Dexter foi ao encontro dela.
Ainda ficou em Santa Lúcia durante um ano, mas o amor falou mais alto e no dia 24 de março de 2009 Dexter Cooper deixou a pequena ilha das Caraíbas, de 180 mil habitantes, para se mudar para Bissau para o bairro de Santa Luzia, onde a mulher arrendou uma casa.
A Lusa encontrou Dexter a treinar crianças num campo pelado no bairro de Pefine, mas na conversa o caribenho fez questão de sublinhar com um largo sorriso a coincidência de estar a viver no bairro de Santa Luzia há 13 anos.
“Viver aqui é um grande prazer, não tenho nenhum problema, o mais importante para mim é o respeito. Quando há respeito entre as pessoas, não há nenhum problema em conviver”, disse, considerando ter uma mente aberta pelos ensinamentos que teve em Cuba.
A vivência em Portugal fez com que Dexter se expresse fluentemente em português e os anos na Guiné-Bissau deram-lhe um à-vontade com o crioulo de um país onde se assume ser o único cidadão oriundo de Santa Lúcia.
“Sim, sou. Pelo menos por aquilo que saiba. Eu já levo aqui 13 anos e ainda não encontrei nenhuma pessoa da Santa Lúcia. Já encontrei uma jamaicana, já vi um senhor de Trinidad e Tobago, ouvi dizer que há um senhor do Haiti, mas ainda não me encontrei com ele. Sou o único aqui, mas como disse, o mundo é para todos nós, sou um cidadão do mundo, para mim é isso que interessa”, realçou Dexter Cooper.
Após dez anos sem visitar Santa Lúcia, onde ainda tem grande parte da família, Dexter regressou em 2019 para matar as saudades, mas disse que se sentiu “um estrangeiro” no seu próprio país.
“Perdi aquela ligação forte, mas a família é sempre a família, os amigos de infância sempre são os amigos de infância”, notou o caribenho, que considera os guineenses humildes, embora, disse, "fervam em pouca água”.
“É um povo muito humilde, embora seja um povo que fica com raiva quando é provocado, mas é um povo muito tranquilo. Como eu estava a dizer, o respeito é o mais importante. Respeitando, entregando o respeito, vais receber o mesmo respeito. Isso tenho recebido na Guiné-Bissau sem problema”, disse.
Em Cuba, além de ter conhecido a mulher, Dexter teve contacto com o que considera “talento puro” do futebolista guineense, que agora tenta ajudar a desenvolver no trabalho que faz com crianças numa academia de futebol.
“Quando eu cheguei aqui no dia 24 de março de 2009 a primeira coisa que quis foi ir ao campo para comprovar se aquele talento que vi em Cuba era real. Então no dia 25 de março consegui entrar no Estádio Lino Correia, quando entrei no campo vi logo que aquele talento que tinha visto em Cuba era real”, enfatizou Dexter.
Enquanto continuar a sentir a felicidade que vive na Guiné-Bissau, enquanto tiver onde ensinar futebol às crianças, “uma paixão de menino”, o caribenho afirma que não tenciona voltar para Santa Lúcia.
Comentários