Vítor Pereira foi, esta terça-feira, um dos convidados do Fórum de Treinadores da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, que está a decorrer em Portimão.

O treinador português, atualmente a orientar o Shanghai SIPG, na China, falou das dúvidas que o futebol lhe traz, da aprendizagem contínua e dos treinos.

Futebol: "Cada vez sei menos de futebol. Cada vez tenho mais dúvidas. Sempre andei de bloco na mão, toda a minha carreira fui eu a criar os meus próprios exercícios. Nunca recorri a um livro de futebol. E, atualmente, posso dizer que os meus exercícios são do mais simples que há."

O "erro enorme": "O grande momento de aprendizagem na minha vida foi ter descido uma equipa de divisão [1860 Munique] e não os títulos que já conquistei na minha carreira. Se propuser ideias complexas a jogadores que não têm capacidade para me dar aquilo que eu quero, esse é um erro enorme. Mas erro pior era eu não ter aprendido com os meus erros. Outro conselho? Não se metam em buracos ou em coisas que saibam, à partida, que vão falhar. Não pensem que podem fazer milagres. Eu pensei e cometi um erro."

Adaptação nos treinos: "Na adaptação que faço do meu treino, não posso, por exemplo, tirar a capacidade ao Hulk de se expressar, de levar a bola, de explodir no ataque, de arrastar a equipa. É claro que o meu processo de jogo se baseia em jogar a um ou dois toques. Mas tive de aprender a adaptar o meu modelo aos jogadores que tenho no plantel."

Comunicação: "Na minha vida já paguei a fatura da comunicação. Toda a gente sabe como eu cheguei ao Porto. Vim do Santa Clara, uma equipa bem organizada, mas sem a dimensão do Porto. Mas a minha passagem de treinador adjunto para principal… Esse foi um ano terrível para mim e paguei claramente a fatura de não dar importância na comunicação para fora. Foquei-me muito no treino e na tática e menosprezei esse factor. Apesar disto das 'internets' e dos computadores… isso não é para mim. Eu sou mesmo de mercearia. É aqui e aqui."

A "droga" do futebol: "Futebol é uma droga. Não é dinheiro. É paixão, é amor. Somos um pouco autistas. Parecemos fantasmas em casa, mas isto é mesmo paixão. Vou fazer uma viagem de 15 horas agora e vou pensar nos meus adversários, na minha equipa, no que tenho de melhorar. É nascer no futebol e viver para o futebol."