A história de Wendell Lira fez as delícias de leitores um pouco por todo o mundo, apreciadores de futebol ou não. De origens humildes e até então um completo desconhecido, o jogador brasileiro integrou os nomeados para o famoso prémio Puskas e conseguiu mesmo vencer o galardão, aproveitando a onda de apoio nas redes sociais.
Foi ouro jornalístico, a clássica história do 'David' que enfrenta os 'Golias' deste mundo e se torna famoso a nível global. Wendell Lira até usou essa mesma narrativa bíblica no seu discurso em Zurique, onde partilhou o tapete vermelho com estrelas como Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo, mas a glória deste 'David' começa a desvanecer lentamente.
O dia da gala em Zurique, certamente um dos melhores dias da vida de Wendell Lira, foi 11 de janeiro. Depois da cerimónia, o futebolista voou de volta para o Brasil, guardou o "terno" no armário e voltou a fazer aquilo por que é pago: jogar futebol. O problema é que o regresso aos relvados não tem corrido da melhor forma.
A 16 de janeiro, cinco dias depois do seu dia de glória, Wendell Lira vestiu a camisola do seu novo clube, o Vila Nova, e entrou em campo contra o Vilaboense. Um jogo amigável que a sua equipa venceu por 6-0 e no qual Wendell Lira pouco contribuiu: apenas 25 minutos em campo. Desde então, imagine-se, Wendell Lira somou apenas mais 20 minutos em campo. Muito pouco para um jogador que subiu ao topo do mundo.
Os compromissos a que a fama mundial obriga ocuparam-lhe cada vez mais tempo e Wendell Lira deixou de se conseguir dedicar tanto à 'redondinha'. Entrevistas e sessões fotográficas têm dominado o foco do jogador, que começou a apresentar problemas nos treinos. Márcio Fernandes, treinador do jogador, admitiu a 18 de janeiro que Wendell Lira está "a deixar de fazer o essencial, que é dentro de campo"
Márcio Fernandes não tem facilitado. Desde esse jogo contra o Vilaboense, o avançado de 27 anos quase não jogou. O Vila Nova defrontou o Santa Maria a 23 de janeiro, mas Wendell Lira ficou no banco. O mesmo no jogo com o Formosa, a 24. Nos jogos de 31 de janeiro e 3 de fevereiro, já competitivos e a contar para o campeonato goiano, nem foi chamado pelo técnico.
A 6 de fevereiro estreou-se em jogos oficiais pelo Vila Nova. Jogou cerca de 20 minutos, pouco brilhou. Repetiu a convocatória para o jogo contra o Crac de 11 de janeiro, mas para piorar ainda mais as hipóteses de atuar foi-lhe diagnosticada uma pedra nos rins, que o deixou de fora desse encontro. Voltou a ser chamado para o jogo com o Itumbiara de 15 de fevereiro, mas ficou no banco de suplentes.
O Vila Nova ainda acredita, mesmo assim, que Wendell pode vir a ser importante para a equipa. Para que tal venha a acontecer, a direção tem tentado protegê-lo: acabaram as entrevistas por agora e o jogador trocou de número de telefone para deixar de ser constantemente contactado por jornalistas. A esperança é que Wendell Lira volte aos relvados para lutar por mais do que 15 minutos de fama.
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