O Bayern Munique poderá conquistar, esta terça-feira, o seu oitavo título consecutivo de campeão alemão, o trigésimo da história, em caso de triunfo no reduto do Werder Bremen (19h30). Os jogadores poderão comemorar em campo, mas a grande festa está adiada até ao final da época, devido à pandemia da COVID-19.
O conjunto bávaro, que 'atropelou' os adversários desde que a Bundesliga foi retomada, em meados de maio, lidera com sete pontos de avanço sobre o Borussia Dortmund, a três jornadas do fim, pelo que um triunfo em Bremen será suficiente para a conquista do 'Schale', o troféu de campeão.
Para esta partida, Hansi Flick contará com os regressos de Thomas Muller e Robert Lewandoski. Os dois jogadores, recorde-se, cumpriram castigo no último fim de semana e serão peças preponderantes para o duelo contra o penúltimo classificado da Bundesliga.
A caminhada rumo ao título
O Bayern pode tornar-se, esta terça-feira, o segundo clube a alcançar o 'octa' numa grande liga europeia - o primeiro foi a Juventus, em Itália, que pode alcançar o nono troféu este ano. Mas nem tudo parecia apontar para este desfecho na Bundesliga, a avaliar pelo arranque de temporada dos bávaros.
Com Niko Kovac no comando técnico, o Bayern iniciou a época da pior forma, com a derrota na Supertaça alemã, diante do Borussia Dortmund (0-2). A isto seguiu-se um empate em casa na primeira jornada do campeonato - 2-2 com o Hertha Berlim, com a equipa a 'tropeçar' novamente na quarta ronda - mais um empate no terreno do Leipzig (1-1).
Os bávaros cumpriam na Liga dos Campeões, mas na Bundesliga a história era bem diferente. E foi precisamente na sequência da goleada (7-2) imposta ao Tottenham, em Londres, que o Bayern sofreu a primeira derrota no campeonato, na receção ao Hoffenheim (2-1), com um 'bis' de Sargis Adamyan, aos 54 e 79 minutos, depois de, pelo meio, aos 73, Robert Lewandowski, ter apontado o único tento do Bayern.
Depois de mais um empate (2-2 com o Augsburgo), a machadada final no percurso de Kovac na Baviera acabou por ser a goleada sofrida no terreno do Eintracht Frankfurt, por 5-1. O 'desaire' deixou o conjunto bávaro no quarto lugar do campeonato, com 18 pontos, menos quatro que o então líder Borussia Monchengladbach, e levou Kovac a pedir a demissão do comando técnico, a 3 de novembro.
Enquanto o Bayern procurava novo treinador, acabou por ser o ex-adjunto do croata, Hans Flick, a assumir o comando da equipa. As vitórias frente ao Olympiacos (2-0) para a Liga dos Campeões, e a goleada no dérbi com o Dortmund (4-0) convenceram os responsáveis do Bayern a oferecerem-lhe o posto de forma permanente, duas semanas depois.
A equipa voltaria a 'escorregar' no campeonato, com duas derrotas consecutivas, na receção ao Bayer Leverkusen e no terreno do Borussia M´gladbach ambas por 2-1, e a liderança parecia cada vez mais distante. A partir daí, o Bayern nunca mais perdeu para o campeonato e foi somando triunfos atrás de triunfos, tendo chegado à liderança isolada da Bundesliga na 20.ª jornada, aproveitando o empate entre Leipzig e Borussia M'gladbach. Nem mesmo o nulo com o Leipzig, na ronda seguinte, afastou os bávaros da liderança, e à data da interrupção devido à pandemia da COVID-19, o Bayern já levava quatro pontos de vantagem sobre o Dortmund.
O regresso, em meados de maio, trouxe um Bayern ainda mais focado na conquista do 'octa', com um registo 100% vitorioso. O triunfo por 1-0 sobre o Dortmund (28.ª jornada) permitiu ao clube da Baviera aumentar a vantagem sobre o adversário direto para sete pontos, e é precisamente com essa distância pontual que o Bayern chega esta terça-feira a Bremen, pronto para festejar mais um título de campeão.
Na Liga dos Campeões, os bávaros têm um pé nos quartos de final, depois de terem derrotado (3-0) o Chelsea, em Londres, no jogo da primeira mão.
Nesta caminhada do Bayern rumo ao título é de enaltecer a veia goleadora de Robert Lewandowski. O avançado polaco soma um total de 30 golos na Bundesliga, o que constitui o melhor registo pessoal numa só temporada. O jogador também tem aproveitado o facto de vários campeonatos permanecerem interrompidos para se isolar na luta pela Bota de Ouro.
Os bávaros, de resto, são os detentores do melhor ataque da prova, com um total de 92 remates certeiros, bem como da melhor defesa, com 31 golos sofridos. Thomas Muller lidera o 'ranking' de assistências (20).
Festejos... só no fim
O Bayern poderá ter, nesta terça-feira, a celebração mais comedida da sua história, face às exigências de respeitar o protocolo contra a COVID-19. Festejar com os dirigentes, juntar os familiares e amigos dos membros do grupo de trabalho, a tradicional celebração com cerveja e a ida à tribuna da câmara para partilhar o êxito e mostrar o troféu aos adeptos são para esquecer este ano, enquanto a pandemia não estiver ultrapassada.
Em caso de vitória em Bremen, o plantel e equipa técnica têm maior liberdade, pois são testados regularmente e estão sempre juntos, contudo, nem sequer os dirigentes se podem juntar à festa. Primeiro, por haver um limite de 100 pessoas na zona do relvado e balneários e depois porque para o fazer os dirigentes deveriam ser previamente sujeitos a testes, precisando de dois negativos.
Nas regras do regresso competitivo, a Liga alemã definiu que só após a 34.ª e última jornada será declarado o campeão, pelo que o 'Schale' só será entregue após o último desafio da época, neste caso a 27 de junho, quando o Bayern jogar em Wolfsburgo.
A cerimónia será assim minimalista e a seguir, à risca, as regras e indicações oficiais, o que obrigará o presidente do clube, Karl-Heinz Rummenigge, e outros dirigentes a abster-se de viver esse momento com o grupo de trabalho. O mesmo se aplica aos familiares e amigos dos campeões, à semelhança da tradição do banho de cerveja.
A tradicional apresentação do troféu aos adeptos desde a varanda da câmara municipal, na Marienplatz, já tinha sido cancelada com antecedência. "O respeito por essa tradição é infelizmente inimaginável este ano. Mas tenho certeza de que encontraremos uma maneira apropriada de homenagear o clube, se eles recuperarem o título", disse o autarca Dieter Reiter, sem adiantar pormenores.
Convém não esquecer que o Bayern irá disputar, a 04 de julho, em Berlim, a final da Taça da Alemanha, contra o Bayer Leverkusen, pelo que, pelo menos até esta data, o protocolo sanitário não deverá ser violado.
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