A Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF) considera que a crise da pandemia está a tornar-se mau para o futebol mundial e que em Cabo Verde está a ter impactos “extremamente negativos” para clubes e atletas, face as informalidades.

Considerando que o futebol “representa muito” para o povo cabo-verdiano e um posto de trabalho para muitas pessoas, designadamente jogadores, treinadores, técnicos de equipamentos, que dependem do salário para sobreviver, Mário Semedo disse, entretanto, que a crise pôs a nu as informalidades do futebol nacional.

Em entrevista à agência Inforpress, o líder federativo afiançou que os clubes fazem um esforço para a construção dos planteis no início da época, mas que de momento pairam incertezas quanto ao término da época desportiva, tendo advertido que esta crise está a ser uma oportunidade para se reflectir sobre o relacionamento existente a nível do sector do futebol, e desportivo no geral.

Mário Semedo chamou a atenção para a inexistência de contratos submetidos pelos clubes junto das associações ou federações, enquanto entidades que gerem o futebol, pelo que segundo ele, torna-se necessário formalizar toda a relação do desporto cabo-verdiano.

Neste particular, exemplificou o caso de clubes que remuneram os jogadores, mas que estes não estão protegidos pelos instrumentos de protecção social, nomeadamente a segurança social, sublinhando que se assim fosse, por esta altura a cobertura em termos de assistência médica e medicamentosa já estaria garantida aos jogadores e familiares.

“Não só a nível de assistência médica e medicamentosa, mas seus filhos, por exemplo, passarão a ter direito a abono de famílias e outras prestações que são garantidas pelo nosso sistema nacional de segurança social”, salientou.

Isto porque muitas das vezes, estas acções, tradicionalmente, são suportadas directamente pelos bolsos dos dirigentes ou clubes, sem que esteja salvaguardada a garantia de pensões dos atletas e familiares, na ‘velhice’, o que, segundo o líder federativo, foi despoletado a nível dos ex-internacionais.

O líder federativo alerta que estas situações “devem ser analisadas, debatidas e reflectidas a bem dos atletas, sobretudo em caso de lesão durante a época desportiva de entre um conjunto de situações que carece da necessária formalização, deste sector do futebol que, segundo consta movimenta já algum dinheiro.

A FCF, assim como todas as federações desportivas do País suspenderam as provas nacionais e internacionais após orientações do Governo neste sentido, como forma de  evitar o contágio, e, por conseguinte, a propagação do novo coronavírus.

Cabo Verde passa a contar a partir desta segunda-feira com conta com 67 casos positivos da covid-19, sendo 52 na ilha da Boa Vista, 13 na cidade da Praia, um no concelho do Tarrafal e um na ilha de São Vicente.

Dos casos confirmados, registou-se um óbito, um cidadão inglês de 62 anos, que se encontrava de férias na ilha da Boa Vista, e um doente recuperado.