Cabo Verde continua sem ter uma liga de futebol. A Federação Cabo-Verdiana de Futebol já pensou no assunto e tentou arranjar formas de organizar uma liga mas o projeto não avançou.

Mário Semedo, presidente do organismo máximo do futebol cabo-verdiano, explicou porquê.

«O assunto já foi pensado e já tivemos um projeto mas faltou dinheiro. Na altura havia duas entidades que estavam interessadas e parte do financiamento viria da venda dos direitos de imagem para a televisão. A aposta iria incidir-se na comunidade cabo-verdiana na diáspora. Mas depois as duas empresas não chegaram a entendimento e projeto não foi para a frente», contou Mário Semedo, durante um debate promovido pelo Círculo de Tertúlias Crioula, em Lisboa.

Uma das questões que se tem levantado é que equipas teriam o direito de participar numa primeira fase da liga. Mário Semedo afirmou que os critérios não foram definidos ainda.

«É preciso ter cuidado quando se fala nas equipas que participariam. Que critérios usar? Convidar as equipas que mais campeonatos ganharam em Cabo Verde? Escolher os participantes de acordo com a ilha que representam? Isso nunca foi esclarecido», afirmou.

A passagem para o futebol profissional exigiria do Estado cabo-verdiano a adoção de medidas em relação aos jogadores que são funcionários públicos. Com os atltas a viajarem muito de uma ilha para outra, seria necessário “mexer” na legislação da função pública, de modo a que os jogadores-funcionários públicos tivessem tempo para treinarem e jogarem.

Mas a criação de uma liga traria vantagens, como a criação de postos de trabalho, num país onde o desemprego jovem é preocupante: «Uma dos ganhos seria a criação de empregos. Como se sabe, o nosso país tem esse grande problema que é o desemprego e uma liga de futebol daria trabalho a muitos jovens», disse Mário Semedo.

Mas com a participação de Cabo Verde no CAN 2013, onde chegou aos quartos-de-final, Mário Semedo crê que haverá uma maior sensibilidade por parte das empresas cabo-verdianas para trabalharem com a FCF.

«Depois do que fizemos no CAN, creio que as empresas terão de olhar com outros olhos para o futebol. Já viram que é rentável investir nesta modalidade, que há retorno», disse o líder do organismo máximo para o futebol em Cabo Verde.

Numa fase inicial, a criação de uma liga de futebol em Cabo Verde estaria orçamentada em 50 mil contos cabo-verdianos (453 mil euros).