O Governo de Cabo Verde manifestou hoje disponibilidade para, em conjunto com a Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), tentar encontrar uma solução para os salários em atraso do selecionador nacional, o português Rui Águas.

Fonte do executivo disse à agência Lusa que o Governo tem disponibilidade para tentar encontrar a "melhor solução" para esta situação, desde que seja para tal solicitado pela Federação Cabo-Verdiana de Futebol. O que até ao momento não aconteceu, adiantou a mesma fonte, explicando que o Executivo tem conhecimento da situação apenas oficiosamente e pelo que tem saído na imprensa.

A imprensa cabo-verdiana noticiou que o treinador português e o seu adjunto Bruno Romão têm sete meses de salários em atraso e que Rui Águas estará de saída do comando técnico dos Tubarões Azuis.

Em entrevista hoje à Rádio Morabeza, o presidente da FCF, Victor Osório, admitiu que os técnicos portugueses têm seis meses e meio de salários em atraso, mas lembrou que a remuneração é assegurada pela Federação Portuguesa de Futebol, resultado de um acordo verbal feito com a antiga direção da FCF.

Victor Osório negou também que Rui Águas vá deixar o comando técnico da equipa, dizendo ainda que o treinador "não tem um contrato escrito com a Federação Cabo-verdiana de Futebol”, uma vez que “foram acordos verbais feitos na altura".

Após a vitória sobre o Quénia, na qualificação para o Mundial2018, Rui Águas não apareceu na conferência de imprensa e no dia seguinte confirmou, em declarações à Rádio Cabo Verde, que "havia coisas que não estavam bem" no trabalho com a federação.

Aquando da contratação, o então presidente da Federação Cabo-Verdiana de Futebol, presidida por Mário Semedo, disse que uma parceira com a Federação Portuguesa de Futebol tinha sido decisiva para a escolha de Rui Águas.

Na entrevista de hoje à Rádio Morabeza, Victor Osório, disse que a Federação tem feito tudo "para que as coisas se normalizem e para que haja estabilidade para o trabalho do selecionador".

Victor Osório disse ainda que não se trata de uma questão nova e recordou os antigos treinadores João de Deus e Lúcio Antunes "acumularam uma série de salários em atraso, porque Cabo Verde não lhes conseguia pagar".

"A realidade é que as verbas disponíveis para a FCF não são suficientes para suportar salários de treinadores com qualidade, que nos permita fazer o trabalho que está a ser feito. A FCF está num país que tem dificuldades e não poderá ser diferente do país onde está", acrescentou.

A agência Lusa tentou por diversas vezes nos últimos dias chegar à fala com o treinador Rui Águas e com o presidente da FCF, Victor Osório, mas até ao momento tal não foi possível.