A final da Copa das Confederações no Rio de Janeiro que ocorrerá neste domingo, dia 30, no famoso estádio do Maracanã, será marcado por inúmeros protestos nos arredores, garantem vários movimentos sociais.

«Faremos um dia de atos e protestos na final da Copa. Espero que a polícia entenda nosso objetivo e não coloque terror nas ruas», anunciou Marcelo Edmundo, membro do Comité Popular da Copa e das Olimpíadas, que junta 50 grupos, entre movimentos sociais, investigadores, organizações não governamentais e sindicatos.

«Somos contra a elitização do futebol no Maracanã, que passará a ser um estádio só para aqueles que têm dinheiro», destacou Edmundo ao afirmar que, entre as reivindicações, o Comité Popular aponta os gastos públicos com a reforma dos estádios.

O Maracanã esteve fechado por mais de 30 meses e o custo das obras aumentou de 750 milhões de reais (263 milhões de euros) para 1,2 mil milhões de reais (420 milhões de euros).

A reforma do estádio de futebol foi concluída três meses antes das partidas da Copa das Confederações. No entanto, o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016 já anunciou que o estádio terá que fechar as portas uma vez mais por quatro meses antes da abertura das Olimpíadas, em agosto de 2016.

«Nós questionamos o modelo de cidade imposto, que prioriza os investimentos para o interesse imobiliário agredindo a população e retirando seus direitos sociais. Já protocolamos no Comité Olímpico e na FIFA, que estão cientes das nossas denúncias», ressaltou Gisele Tanaka, integrante do Comité Popular.

Além do estádio do Maracanã, que receberá a final da Copa do Mundo em 2014, todo o complexo desportivo que está a ser construído está envolvido numa polémica relacionada com a sua privatização.

A iniciativa privada terá que demolir um importante parque aquático, uma escola pública, um estádio de atletismo e uma prisão para construir dois edifícios de estacionamento para dois mil veículos, um heliporto, um centro comercial e um museu do futebol.

Sobre a onda de vandalismos que tem caracterizado o final das manifestações, o Comité Popular critica a ação da polícia e afirma esperar que o protesto de domingo seja pacífico.

«As ações de violência não partem dos manifestantes, partem de uma ação descabida da polícia, que usa armas não letais de forma descontrolada, atirando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha», criticou Edmundo.

Na sua análise, o que deflagrou os inúmeros protestos foi uma acumulação de «desrespeito» que afeta a população.

«Nenhuma violência é maior que a violência institucional do Estado com a falta de hospitais, escolas e moradia. Foi essa violência que levou o povo às ruas», disse.

Outro organizador da marcha neste domingo anunciou que a manifestação não pretende entrar em conflito com a polícia, mas quer chegar o mais próximo possível do Maracanã, apesar do bloqueio imposto pela FIFA.

«A gente espera ter todas as garantias para realizar a manifestação, é nosso direito constitucional. A ideia é nos unirmos às outras manifestações que acontecerão. Esperamos que a polícia cumpra com o seu papel de garantir a segurança dos manifestantes e não reprimir, é isso que causa revolta», afirmou Renato Cosentino.

O Comité Popular disse ainda estar aberto para receber um convite formal a fim de dialogar com autoridades de segurança.