Christie Rampone é capitã da seleção feminina de futebol dos Estados Unidos, mãe de duas filhas e, com 38 anos, não pensa tão cedo em "pendurar as botas", apesar de também sofrer da doença de Lyme.
Desde que se estreou em 1997, num jogo contra a Austrália e na altura com o nome de solteira Christie Pierce, esta defesa central tem batido todos os recordes da equipa norte-americana, tanto dentro do relvado mas também fora dele.
Natural da Flórida, Christie está perto de se tornar na segunda jogadora da história do futebol feminino a somar mais de 300 encontros por uma seleção, isto num currículo que já incluiu um Campeonato do Mundo, em 1999, e três medalhas de ouro em Jogos Olímpicos (Atenas2004, Pequim2008 e Londres2012).
Mas nem todas as vitórias foram obtidas dentro campo. Quando foi mãe pela primeira vez, em 2005, Christie esteve parada quase um ano, mas regressou em força aos relvados, e fez o mesmo em 2010, após o nascimento da sua segunda filha, tendo dessa vez levado apenas três meses a voltar a vestir a camisola dos Estados Unidos.
"Nunca me passou pela cabeça abandonar o futebol. Tive algum receio que, depois de ter tido a minha segunda filha, não iria recuperar o suficiente para poder voltar a jogar, mas quis tentar e consegui. Era algo que queria fazer, ter uma carreira no futebol, mas também ter uma família. Queria mostrar às minhas filhas que podemos lutar pelos nossos sonhos", contou Christie Rampone à agência Lusa.
Na sua 13.ª presença na Algarve Cup, desta vez a capitã norte-americana fez-se acompanhar pela sua filha mais nova, tendo tempo, pelo meio de treinos, palestras e jogos, para festejar o quarto aniversário de Reece.
"Claro que, às vezes, é muito complicado, mas faço com que tudo resulte. A vida é assim. Queria muito ser mãe e ao mesmo tempo ter uma carreira que me dá prazer", referiu.
No início de 2011 foi-lhe diagnosticada a doença de Lyme, um vírus que, entre outros sintomas, causa cansaço físico e fadiga constante, sendo quase certo que teria que terminar a carreira. A jogadora não desistiu e, passado pouco mais de ano, ajudou os Estados Unidos a conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres2012.
"Quando a paixão morrer, quando não puder mais ajudar a equipa e as minhas colegas de equipa da forma que eu quero, então pensarei em terminar a carreira. Mesmo que não possa jogar muito, mas possa usar a minha voz para ajudar, cá estarei. Neste momento ainda tenho a paixão e o amor pelo futebol", confessou.
Christie só pensa mesmo em ajudar a seleção norte-americana a conquistar o próximo Campeonato do Mundo, que se vai disputar em 2015 no Canadá, e ao mesmo tempo tem consciência que é um "exemplo" para outras jogadoras.
"Espero que se sintam inspiradas para fazer o mesmo e a não desistir da paixão pelo futebol, só que também querem ter filhos e uma família. Como mulheres, podemos fazer as duas coisas. Claro que é muito difícil durante a gravidez e depois voltar a jogar, mas ultrapassamos tantas barreiras na vida e neste desporto. Não desistam até que tenha mesmo que ser", concluiu.
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