O diretor técnico da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), José Couceiro, justificou hoje as alterações ao Campeonato de Portugal com a necessidade de adotar “um formato mais regional e adequado à realidade do futebol nacional e do país”.

“Em 2021/22, teremos uma competição que se adequará aos clubes que estarão mais apetrechados para aspirar a participar numa prova profissional e outros, que são a grande maioria, que assumem o seu amadorismo e devem competir num contexto onde se acentua uma grande rivalidade regional”, disse à agência Lusa José Couceiro.

A FPF vai criar na temporada de 2021/22 a III Liga, um novo terceiro escalão, abaixo da I e II Liga e acima do Campeonato de Portugal (CP), ao qual vão subir, já na próxima época de 2020/21, os campeões distritais e que vai contar com 96 equipas, mais 24 do que em 2019/20.

Este “alargamento” resulta da despromoção de duas equipas da II Liga, nomeadamente Cova da Piedade e Casa Pia, dos 70 emblemas que se mantiveram, uma vez que não houve descidas aos distritais, dos 20 promovidos das competições regionais e de quatro novas equipas B.

“O CP tem de ser também um espaço de valorização do jogador português, nomeadamente dos mais jovens. Sabemos que uma etapa decisiva para o crescimento e de afirmação do jovem jogador é a transição dos sub-19 para o escalão sénior”, refere o diretor da FPF.

De acordo com José Couceiro, a Liga Revelação procura criar um espaço para que esse processo de valorização do jovem jogador português “siga uma linha evolutiva” e a restruturação do Campeonato de Portugal insere-se na mesma prática.

“O CP cria mais oportunidades aos jovens jogadores, seja através do incentivo à entrada de quatro novas equipas B, mas também por via das alterações no estatuto dos atletas formados localmente, que passam a ir até aos 19 anos, e da obrigatoriedade de estarem inscritos na ficha de cada jogo 13 jogadores que respeitem aquela condição”, afirma.

O dirigente considerou ainda que “os efeitos da pandemia nos calendários ainda são imprevisíveis”, mas garantiu que o Campeonato de Portugal “irá começar mais tarde do que é habitual”.

“Face a todas as incertezas e à possibilidade de surgir uma segunda vaga da COVID-19, há a necessidade de ter uma competição com menos jornadas. O bom senso aconselha a que sejamos prudentes”, defendeu.

José Couceiro abordou ainda as alterações à Liga feminina, que “registou nos últimos anos um crescimento assinalável do número de atletas e de competitividade a nível internacional”.

O campeonato feminino de futebol terá mais oito equipas na próxima época, de 2020/21, passando de 12 para 20 clubes.

A medida, que será, posteriormente, parcialmente revertida, visa a médio prazo apoiar os clubes, que podem ser especialmente afetados, numa fase em que ainda se desenvolvem, pelos efeitos colaterais à pandemia de COVID-19.

“A situação de emergência que o país atravessou e atravessa atinge particularmente um segmento que apesar dessa evolução tem ainda enormes fragilidades. Iremos limitar orçamentos como fator de correção e equilíbrio”, disse José Couceiro.

O diretor técnico nacional da FPF considerou ainda fundamental “que não se percam jogadoras para as seleções nacionais, AA e jovens”, pois “Portugal não pode dar-se a esse luxo”.

Face à pandemia de COVID-19, as competições nacionais e distritais de futebol, exceto a I Liga e a Taça de Portugal, foram concluídas precocemente.