A “falta de viabilidade económica” do Desportivo das Aves SAD deve-se à “herança das rescisões” de futebolistas, treinadores e outros funcionários nos últimos meses, justificou hoje a acionista Estrela Costa.
“Em 2019/20 montámos um plantel novo, com 23 reforços e diversos jovens contratados por três anos. Quando alguém rescinde por justa causa, temos de pagar a caducidade do vínculo laboral. Esta SAD agora ficou sem viabilidade pela herança das rescisões e não pela pandemia de covid-19. Só em salários é um balúrdio”, explicou à Lusa a dirigente.
O Aves SAD reprovou em julho os requisitos de licenciamento nas provas profissionais de 2020/21 junto da Liga de clubes e dispensou o recurso para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, na sequência de uma época assinalada por incumprimentos salariais, 27 desvinculações unilaterais e a descida no relvado à II Liga.
Em causa estiveram as saídas dos guarda-redes Quentin Beunardeau e Raphael Aflalo, dos defesas Afonso Figueiredo, Bruninho, Bruno Jesus, Bruno Morais, Cláudio Tavares, Eric Veiga, Jonathan Buatu, Mato Milos, Oumar Diakhité, Sanjeev Stalin e Simunec e dos médios Diogo Batista, Estrela, Jimmy Tchaoule, Pedro Delgado, Reko Silva e Tshibola.
Os avançados José Varela, Kevin Yamga, Mohamed Touré, Pedro Soares, Peu, Rúben Macedo, Welinton Júnior e Youssouf Sow também abandonaram Vila das Aves ao longo dos últimos meses, enquanto a administração liderada pelo chinês Wei Zhao inscrevia uma equipa sénior no Campeonato de Portugal, do qual desistiu em 23 de setembro.
“Quando a crise chegou a Portugal, já se fazia sentir na China. Não tivemos sanções pontuais porque apresentámos uma base documental que firmava isso mesmo, mas os investidores chineses não conseguiram acompanhar os compromissos. Com isso, e a aí foi a morte da SAD, se é que está morta de vez, tivemos rescisões em massa”, analisou.
A estrutura tem sido acompanhada pelo administrador judicial provisório António Dias Seabra e beneficia de um Processo Especial de Revitalização (PER), cuja lista provisória reparte dívidas de 17,1 milhões de euros por 110 credores, embora Estrela Costa assegure que “alguns valores reclamados são exagerados e serão impugnados”.
“Pode haver valores em falta e há outros que certamente não correspondem à realidade. O administrador tem 90 dias para analisar a aceitação dos créditos reclamados. A partir daí, veremos se existe viabilidade para continuar com a SAD no âmbito de um PER homologado ou passaremos à insolvência, cenário que queremos evitar”, garantiu.
A SAD pretende “unir esforços imediatos para cobrir algumas dívidas em prol de uma reestruturação financeira”, apesar da “interrupção do plano desportivo”, após ter falhado o acordo com o Perafita para utilizar as instalações do clube de Matosinhos em 2020/21, devido à “falta de liquidez para cobrir valores completamente impossíveis de pagar”.
“Tudo tem de ser muito bem pensado, face aos problemas atuais de termos cessado a nossa equipa e necessitarmos de encontrar soluções para os compromissos assumidos. Sabemos para onde vamos, mas não sabemos o que encontraremos pelo caminho. Até ver, estamos mais posicionados no presente e no passado do que no futuro”, concluiu.
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