O Estrela da Amadora foi considerado insolvente a seu próprio pedido pelo Tribunal de Sintra, a 29 de Setembro.

Na sentença emitida pelo Juízo do Comércio, a que a Agência Lusa teve acesso, pode ler-se que o Estrela da Amadora "apresentou-se à insolvência, alegando, em síntese, que se encontra impossibilitado de cumprir pontualmente as suas obrigações, uma vez que não detém meios próprios ou de crédito".

De acordo com o documento, o Estrela da Amadora "tem dívidas que totalizam 11.508.475,81 euros", sendo a Direcção-Geral dos Impostos (DGI), a Segurança Social, Engiwall - Engenharia, Projectos e Construção, Playpiso e SMAS os cinco maiores credores.

O Estrela da Amadora tem bens imóveis cujo valor, para efeitos fiscais, é de "5.526.510,00 euros".

"O Estrela é a instituição mais importante da cidade. Dizem que pedimos a insolvência para não pagarmos as dívidas, mas isso é tudo mentira. Queremos recuperar o clube e estamos já a preparar o primeiro plano de recuperação. Vai ser apresentado a 16 de Dezembro ao administrador judicial e é muito importante que a Assembleia de credores o aprove", disse António Oliveira à Agência Lusa.

O dirigente assumiu que o plano de recuperação passa por um melhor aproveitamento das receitas do bingo, mas alertou ser necessária uma redução de despesas e, "provalmente", de recursos humanos.

"Sempre pagámos os impostos e tudo o resto relativamente ao Bingo. Mas não podíamos pagar o que respeitava ao futebol profissional, porque tínhamos as receitas penhoradas. Não podemos, num instante, pagar aquilo que foi acumulado durante anos", disse.

António Oliveira falou ainda de uma gestão danosa nos períodos antes de 2004 e revelou que anteriores dirigentes, como Jaime Salvado e Fernando Pombo, foram já notificados de processos-crime, "pelo mal que fizeram ao clube".

"Essas más gestões é que levaram o clube a esta situação. Houve um ex-presidente (Jaime Salvado) que acusou esta direcção de tudo e mais alguma coisa, mas ele é que rebentou com isto tudo. Agora, tem um processo-crime", revelou.

"Estou bastante optimista e depois da reunião com o administrador judicial (terça-feira) ainda mais fiquei. O clube movimenta 400 jovens, numa cidade com uma taxa de criminalidade muito alta e nós queremos levar o Estrela para a frente", acrescentou.

A sentença, de 29 de Setembro, assinala que Paulo Elias de Sá Cardoso foi nomeado administrador judicial e decreta a "apreensão imediata, para entrega ao administrador, dos elementos de contabilidade da insolvente e de todos os bens, ainda que arrestados, penhorados ou apreendidos".

A realização da assembleia de credores para apreciação do relatório será no dia 16 de Dezembro, às 10:00.

A Playpiso (presidente), DGI, Segurança Social, um representante dos trabalhadores e a Engiwall são os membros efectivos da comissão de credores, enquanto a SMAS e Pirbetão são membros suplentes da mesma comissão, que toma posse a 26 de Outubro, pelas 11:30.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) não aceitou esta época a inscrição do Estrela da Amadora na Liga, por não cumprir os pressupostos financeiros, o que permitiu a permanência do Belenenses no principal campeonato português.

Depois de analisados os processos de inscrição do clubes na Liga e na Liga de Honra, a Comissão Executiva da LPFP decidiu rejeitar a inscrição do clube da Amadora, que assim foi impedido de participar nos campeonatos profissionais, sendo relegado para a II Divisão.