Depois de ter estado perto da subida em 2009/2010, o Cova da Piedade vive dias difíceis, talvez os piores em 63 anos de história, e domingo pode ser o último jogo para 16 jogadores, que “já se despedem uns dos outros durante os treinos”.
No início da semana, a presidente, Maria João Velez, que tomou posse em Maio, anunciou um corte de 50 por cento nos vencimentos e a incapacidade do clube em liquidar as dívidas que mantém com parte dos atletas da última época.
Em sinal de protesto, grande parte do grupo de trabalho e a equipa técnica prometem “bater com a porta” depois de domingo, no reduto do Moura.
Como porta-voz do grupo, o treinador garante que com os cortes previstos a situação fica “insustentável”.
“A maioria dos jogadores, com seis meses de salários em atraso, ficou porque acreditava no que foi prometido pela direcção. O que nos revolta é a atitude.
Fomos enganados. Se não gostássemos do clube e só pensássemos em dinheiro não tínhamos estado seis e sete meses sem receber na época passada. Mas, prometeram-nos que isso não ia acontecer esta época”, disse à Agência Lusa Alfredo Almeida.
Muitos dos elementos que pretendem abandonar têm em sua posse declarações de dívida, que podem comprometer ainda mais o clube, mas não é isso que pretendem.
“Não queremos acabar com o clube. Se quiséssemos, com as declarações de dívida, já o tínhamos feito. Quem sou eu para exigir a demissão da direcção, mas só perante isso ou um passo atrás é que ponderamos não o fazer”, diz Alfredo Almeida, que quer tornar este caso num exemplo para outros grupos de trabalho.
O facto de o futebol estar “em risco” na Cova da Piedade não é, porém, suficiente para tirar a esperança à presidente do clube, que promete lutar contra a promessa dos atletas. A responsável lamenta “não ter recebido as receitas que esperava” quando tomou posse.
“O clube vai continuar... com ou sem eles. E o futebol sénior também. Tenho que acreditar nisso. Sei que está em risco, mas cabe-me acreditar”, diz Maria João Velez.
A responsável adiantou que vai “tentar negociar” com o plantel, apesar de ter “margem de manobra muito reduzida”, mas não acha que o clube tenha que fechar.
“A equipa técnica mostrou-se muito pouco acessível. Não os condeno, mas fiquei surpreendida com a atitude do grupo de trabalho. Nunca vou mentir, foi o que fiz. Não tenho tido a ajuda deles, porque estão magoados, mas eu fui honesta e expliquei-lhes que não há dinheiro”, rematou.
Caso não haja entendimento, o emblema vai ter de recorrer aos juniores ou contratar alguns jogadores. Os que estão de saída “já têm propostas”, diz o treinador.
“Alguns queriam sair já esta semana. Os jogadores treinam desconcentrados, não há sorrisos, há vontade de chorar e despedem-se. Isso custa-me muito, porque este não é um grupo de trabalho qualquer”, finalizou.
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