O comportamento da GNR no policiamento aos jogos do Esmoriz, no Estádio da Barrinha, motiva críticas de várias equipas da II Divisão Centro em futebol, que acusam aquela corporação de um comportamento «indigno, despropositado, provocatório e intimidante».

No domingo, sete jogadores do Gondomar receberam assistência médica depois de a GNR ter lançado gás pimenta sobre vários atletas, na sequência de provocações verbais entre equipas a caminho dos balneários.

Álvaro Cerqueira, presidente do Gondomar, garante: «Tanto os jogadores como o clube já apresentaram queixa, porque aquilo foi um exagero».

Vítor Paneira, treinador do Gondomar, chegou a ser acusado de causar os incidentes com as suas provocações verbais, mas esclarece: «Quando houve a situação com o gás pimenta eu nem estava no túnel, estava no campo com o árbitro».

O técnico revela que acompanhou a «exaltação» posterior e defende: «Aquilo foi resultado de alguma precipitação da GNR. Ficou claro que foi tudo culpa de um agente ainda jovem, que se precipitou um bocado, talvez por alguma inexperiência».

Em Dezembro passado, o Anadia também reclamou da actuação da GNR, depois de Paulo Adriano, médio da equipa expulso por acumulação de cartões amarelos, ter sido agredido nas pernas, já fora das quatro linhas, por alegadamente se ter recusado a seguir para os balneários antes de ver a marcação de uma grande penalidade.

A alegada agressão foi praticada pelo sargento-ajudante Santos, que comanda o posto da GNR de Esmoriz e que, no relatório apresentado aos seus superiores, admitiu o uso do pingalim sobre o atleta, embora defendendo o gesto como justificado.

Paulo Adriano não quis comentar a situação «por questões legais», mas adiantou à agência Lusa: «Entreguei o caso ao meu advogado, fizemos queixa e agora é para levar isto até às últimas consequências».

Manuel Pinho, o presidente do Anadia, considera que o que aconteceu «demonstra uma atitude indigna e despropositada» por parte da GNR de Esmoriz.

«O Paulo Adriano só queria ficar a ver a marcação do penalti e foi empurrado para fora pelo sargento, que o agrediu com o pingalim como se ele tivesse cometido um crime».

Para o dirigente do clube, «há sempre alguma indignação verbal nestes jogos, mas o lógico é que a GNR mantenha a serenidade e a ordem».

«Se eles não mantêm a calma, quem é que a há-de manter? O que as autoridades têm que fazer é evitar incidentes e não provocá-los», adiantou.

À semelhança de Vítor Paneira, que refere que «o Esmoriz só ganha em casa com penalties marcados nos últimos minutos», o presidente de um outro clube da II Divisão Centro observa: «Ali, no Esmoriz, há qualquer coisa que bate muito mal. Eles têm uma maneira muito peculiar de andar na bola, em casa ganham sempre de forma muito irregular e acho que a GNR está a ser apanhada nessa história».

Para esse dirigente, que prefere não ser identificado, «a própria postura física do comandante da GNR que costuma policiar os jogos [no Estádio da Barrinha] já diz muita coisa por si só».

«Ele anda sempre de pingalim a jeito e tem o hábito de se colar ao banco da equipa adversária, o que demonstra uma atitude provocatória, destinada a intimidar», observa o dirigente. «Se ele fizesse isso sobre as duas equipas, ainda se percebia, mas como é só com os visitantes…».

Questionado pela Lusa, o tenente-coronel Nuno Amaro, do comando de Aveiro da GNR, não comenta o desempenho da guarda de Esmoriz, mas realça que o agente que comandava as operações no Estádio da Barrinha, à data dos incidentes envolvendo o Anadia, não era o mesmo que chefiava os trabalhos no dia do jogo com o Gondomar.

«Tudo o que posso dizer é que vamos aguardar que a situação seja resolvida nas instâncias desportivas e judiciais próprias», disse Nuno Amaro.