Centenas de adeptos celebraram este sábado à porta do estádio do Feirense a subida do clube à Liga portuguesa de futebol, depois de esperarem mais de três horas pela equipa, que chegou num autocarro descapotável.
Grande parte desses apoiantes encontravam-se no centro de Santa Maria da Feira para assistir aos espectáculos do Imaginarius, o festival de teatro de rua que hoje aí termina, mas mesmo esses acabaram por ficar no estádio a ouvir as cantilenas que uma claque das camadas jovens acompanhava com bandeiras e cachecóis azuis e brancos, após ao triunfo do Feirense no terreno do Desportivo das Aves (2-0) na penúltima jornada da Liga de Honra.
Ercília Duarte levou para a rua um bebé de nove meses porque os seus dois outros filhos jogam no Feirense e a festa «também é deles». É por isso que vem acompanhando o desempenho do clube e garante: «Eles este ano jogaram bem e mereciam subir. O ano passado deixaram a coisa pela metade, mas, desta vez, conseguiram».
Ercília admite que, ferrenha mesmo, é pelo FC Porto, mas esclarece já: «Daqui para a frente, quando jogarmos com o Porto, eu só vou torcer pelo Feirense».
Quem não tem a mesma determinação é Belmiro Leite. «Acho que, entre o Porto e o Feirense, só vou ficar bem com um empate», confessa. Mas, entretanto, admite que está «muito satisfeito» pela subida do clube da terra e espera que, na próxima época, esse volte a fazer lembrar os tempos em que «o povo chegou a encher 30 camionetas para ir ver um jogo ao Estoril».
O prognóstico de João Resende é mais cauteloso: «É preciso ver que o clube não é grande coisa em termos técnicos. No próximo ano, para não passar vergonhas, vai ter que fazer algumas alterações e arranjar bons reforços».
Por enquanto, José Marques ainda não está preocupado com isso. Envergando uma t-shirt com as cores do clube que «cheira bem, cheira a fogaça», esse sócio do Feirense é perentório: «Esta subida foi muito merecida porque este é o clube mais bem sucedido de todos – não deve nada a ninguém e tem os salários em dia».
Para esse adepto, que paga «cotas iguaizinhas às de qualquer clube dos grandes», tanto essa gestão como o desempenho técnico da equipa se devem a uma só pessoa: «Ao presidente do clube, Rodrigo Nunes, que merece esta vitória inteirinha».
Agora, as expectativas para a próxima época são muitas – «vamos cá ter o Porto, o Benfica e o Sporting», observavam deliciadas várias pessoas – e, se é verdade que, quando chegar a hora, esses adversários podem ser vaiados, o facto é que hoje são encarados com bons olhos pela mudança que representam para o Estádio Marcolino de Castro.
«Isto não tem condições para jogos desses», admite José Marques. «Mas parece que já há o dinheiro para as obras e, assim, com a subida de divisão, é da maneira que elas arrancam mesmo».
Enquanto essa requalificação não chega, a festa do Feirense continuará por mais algumas horas, mais discreta, mas ainda perceptível nas ruas por onde se caminha até aos palcos do Imaginarius.
Os mais jovens vão cantando que têm o Feirense «no coração» e mesmo quem anda de canadianas vai parando pela berma para acompanhar a folia. É o caso de Paulo Sérgio Pais, da organização do Imaginarius, que trocou os primeiros espectáculos do festival pela visão do autocarro descapotável em que chegaram os jogadores do clube. «Isto assim é o ideal. Juntou-se a festa do Imaginarius à festa do Feirense, e não podia correr melhor», afirmou.
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