Portugal tem de ser igual a si próprio para corresponder à “enorme expectativa e fazer sonhar” no Europeu de futebol, na Alemanha, afiança o ex-internacional Beto Pimparel, vendo sintonia grupal com o selecionador Roberto Martínez.
“Nas últimas décadas, Portugal afirmou-se como uma equipa a ter sempre em conta [nas decisões] e isso culminou no eterno [triunfo em] 2016. Todo este percurso que tem feito, sustentado na criação de talento e na afirmação de futebolistas que atuam nas melhores equipas do mundo, levam-nos a ter uma expectativa alta. Obviamente, o percurso vai ser difícil, mas acredito muito na capacidade desta seleção e do treinador”, vincou à agência Lusa o antigo guarda-redes, que integrou o trajeto nacional até às meias-finais, em 2012.
Portugal está pela nona vez, e oitava seguida, na fase final do Campeonato da Europa e mede forças com República Checa (18 de junho), Turquia (22) e Geórgia (26) no Grupo F da 17.ª edição da prova, que se disputará entre 14 de junho e 14 de julho, na Alemanha.
Com três épocas de experiência na Liga turca pelo Göztepe (2017-2020), Beto identifica nos otomanos a oposição “teoricamente mais forte” do conjunto das ‘quinas’, após terem assinalado um apuramento “muito interessante em resultados e futebol praticado” com o primeiro lugar do Grupo D, à frente da também finalista Croácia, bronze no Mundial2022.
“A grande diferença na Turquia dos últimos anos para agora tem a ver com a questão do compromisso tático. Talento nunca faltou ali. Os jogadores apresentam muita qualidade, mas, muitas vezes, o futebol era um bocadinho anárquico. O seu selecionador [Vincenzo Montella] é italiano e, como privilegia muito a parte estratégica, a componente tática e os bons posicionamentos, pode colocar esta Turquia num degrau mais acima”, reconheceu.
Já Portugal, orientado pelo espanhol Roberto Martínez, chega à principal prova europeia de seleções invencível em partidas oficiais, após ter dominado o Grupo J de qualificação, com um máximo de 30 pontos, resultantes de um inédito pleno de 10 vitórias, à frente da também apurada Eslováquia, Luxemburgo, Islândia, Bósnia-Herzegovina e Liechtenstein.
“Tivemos muitas fases de qualificação perante equipas com menos expressão a nível de futebol e ranking e é verdade que, uma ou outra vez, custou a Portugal apurar-se. Agora, esta senda de 10 vitórias em 10 jogos revela que o país continua a progredir e a fabricar talentos. Quando se falava que dificilmente iríamos ter gerações de ouro iguais às que já tivemos, o facto é que Portugal não para de fabricar talento. Esta é mais uma seleção de ouro”, avaliou o ex-guarda-redes, que somou 16 internacionalizações, entre 2009 e 2018.
Com passagens por Sporting, Leixões, FC Porto, Sporting de Braga ou os espanhóis do Sevilha, entre outros clubes, Beto, de 42 anos, frisa que “cada vez mais é difícil jogar em contexto de seleções” e enaltece a formação das ‘quinas’ pelo percurso “absolutamente imaculado, independentemente de não ter encarado pelo caminho uma grande potência”.
“Roberto Martínez tem um estilo um pouco diferente daquele que estávamos habituados. Encontrando atletas à imagem da sua ideia de jogo, acaba por ser uma tarefa mais fácil pegar neles e colocá-los a jogar à sua maneira, porque há tanto talento, cultura tática e qualidade. Dou mérito ao selecionador por tirar o proveito máximo deste grupo. O futebol está hoje bem mais equilibrado e desenvolvido em países de curta expressão”, admitiu o antigo guarda-redes, que também foi convocado para os Mundiais de 2010, 2014 e 2018.
Em janeiro de 2023, o ex-selecionador da Bélgica foi contratado para substituir Fernando Santos, que tinha conduzido Portugal aos seus únicos dois troféus internacionais a nível sénior, logrados no Europeu de 2016 e na primeira edição da Liga das Nações, em 2019.
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