Um toque, dois toques, três toques, a bola rola a uma velocidade estonteante e lá vai a Espanha embrenhada em mais um ataque. Este estilo é inconfundível, é a imagem de marca desta Espanha de Del Bosque que conta com grandes intérpretes dentro de campo.

Porém contra a Itália a máquina não pareceu tão bem oleada ou, melhor, regada. Os jogadores corriam mas a bola não corria da mesma forma, antes travava. Como se os jogadores tivessem que esperar por ela. Depressa se apontou o dedo ao relvado que ajudava a Itália e prendia o jogo espanhol.

O selecionador italiano, Cesare Prandelli, declarou-se culpado, mas num tom de quem não tem qualquer tipo de remorsos. Até porque o que fez foi pensado e legítimo: não autorizou que o campo fosse regado antes do jogo com a Espanha, fazendo uso do seu conhecimento do adversário.

E assim parece estar condenada a jogar “La Roja”, pelo menos, até ao final da fase de grupos. Perante o sucesso da estratégia, os adversários já vieram a terreiro reivindicar o mesmo.

O primeiro foi o técnico da Irlanda, Giovanni Trapattoni, não fosse ele conhecido como a “velha raposa”. Pelo menos os seus 73 anos fazem jus à adjetivação da sua alcunha. A descrição de raposa vê-se nas entrelinhas, ou, melhor, na forma como arranja taticamente a sua equipa e ainda hoje consegue surpreender os oponentes.

«O campo está bem como está», disse um perentório Trapattoni. E num consenso raro, num grupo do Euro2012, depressa veio o selecionador croata, Bilic, concordar: «A relva é igual para todos».

A Del Bosque e companhia restam mostrar que a técnica e a qualidade desta formação, e aquilo que lhes valeu o título Europeu em 2008 e o Mundial em 2010, vai bem para além de um simples sistema de rega.