A Geórgia vai mostrar a sua evolução futebolística perante Portugal, na quarta-feira, na terceira e última jornada do Grupo F do Euro2024, admite o treinador Rui Mota, que deixou recentemente o Dila Gori, líder do campeonato georgiano.
“Sinceramente, não é novidade esta competitividade exibida pela Geórgia. É a tal equipa chatinha, que se fecha bem a nível defensivo e na qual encontramos atletas com elevado nível técnico. Isso é fácil de verificar pelo facto de alguns já estarem nas principais Ligas europeias e em clubes competitivos. Do ponto de vista da articulação e do compromisso, eles trabalham muito. Por isso, tornam-se uma equipa um pouco chata”, disse à agência Lusa o técnico, contratado pelo vice-campeão arménio Noah há cerca de duas semanas.
Portugal, líder isolado do Grupo F e já apurado para os oitavos de final, com seis pontos, encara a estreante Geórgia, quarta e última colocada, com um, na quarta-feira, às 21:00 locais (20:00 em Lisboa), na Veltins-Arena, em Gelsenkirchen, na Alemanha, em jogo da terceira e derradeira jornada da fase principal da 17.ª edição do Campeonato da Europa.
O duelo decorre em simultâneo com o República Checa-Turquia, seleções batidas pelos lusos nas rondas anteriores e que lutam com os georgianos pelo acesso à próxima fase, destinado aos dois primeiros colocados de cada ‘poule’ e aos quatro melhores terceiros.
“A Geórgia apresenta jogadores que interpretam bastante bem a transição ofensiva, têm muita qualidade individual e fazem a diferença, como o Khvicha Kvaratskhelia ou aquele médio com chegada [à área contrária] que está no Watford [Giorgi Chakvetadze]. Há um conjunto de futebolistas que, com espaço, podem provocar alguma surpresa. Agora, nós temos uma seleção bem mais recheada. Mesmo que atue com as suas segundas linhas, Portugal vai ser normalmente favorito a ganhar este próximo jogo”, enquadrou Rui Mota.
O conjunto treinado pelo ex-internacional francês Willy Sagnol perdeu frente à Turquia (3-1) e empatou com a República Checa (1-1) no Euro2024, ao qual tinha acedido com uma dupla vitória caseira no Caminho C dos play-offs sobre Luxemburgo (2-0), adversário de Portugal na qualificação, e Grécia (4-2 nos penáltis, após 0-0 no final do prolongamento).
“A seleção georgiana é a maior paixão desta nação. Eu fui confrontado com isso, porque não havia assim tanta gente a assistir aos encontros no início do campeonato, mas senti verdadeiramente nesse play-off aqueles valores patrióticos que os georgianos levantam. Foi uma coisa inacreditável ver toda aquela gente tão vibrante pela sua seleção. Os dois jogos tiveram cerca de 50.000 pessoas. Foi uma festa enorme, de muita alegria”, contou.
Projetada pelo virtuosismo do extremo Kvaratskhelia, campeão italiano pelo Nápoles em 2022/23, a Geórgia tem demonstrado qualidades no Campeonato da Europa através do guarda-redes Giorgi Mamardashvili (Valência), recordista de defesas (15), e do ponta de lança Georges Mikautadze (Metz), um dos quatro melhores marcadores, com dois golos.
Dois dos 26 convocados evoluem na Liga local, que decorre entre março e dezembro e à qual Rui Mota chegou no início do ano para treinar o Dila Gori, do médio português João Nóbrega, culminando a primeira metade na liderança isolada, antes de rumar à Arménia.
“Houve investimento da federação para que os clubes tivessem mais condições e melhor qualidade. O trabalho do selecionador também é notório. Há ainda um caminho grande a percorrer, mas está a ser muito bem traçado. Notam-se investimentos infraestruturais e a aposta em trazer jogadores cada vez melhores para fazer crescer os atletas nacionais na sua Liga. No seu todo, é um país em expansão”, finalizou, face à ambição da Geórgia em aderir à União Europeia (UE), após a independência da extinta União Soviética em 1991.
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