O treinador espanhol Roberto Martínez, desde que assumiu o cargo de selecionador português em janeiro de 2023, fez um trajeto perfeito na qualificação para o Euro2024 de futebol, mas levantou dúvidas antes do torneio com duas derrotas inesperadas.
Martinez levou Portugal à sua primeira qualificação de sempre só com triunfos, quando conquistou o Grupo J com 10 vitórias em 10 jogos, e o total possível de 30 pontos, perante Eslováquia, Luxemburgo, Bósnia-Herzegovina, Islândia e Liechtenstein, batendo todos os recordes de antigos selecionadores.
Além das vitórias, a seleção nacional marcou 36 golos e apenas sofreu dois, ambos no mesmo jogo com a Eslováquia (3-2), algo igualmente inédito em toda a história do futebol português.
O primeiro ano de Martínez esteve bem perto da perfeição e lançou Portugal como sério candidato ao título no Euro2024 (fez a melhor fase de qualificação entre todas as seleções), mas os particulares de março e agora de junho acabaram por baixar um pouco as expectativas, colocando em dúvida o verdadeiro potencial da equipa.
O primeiro aviso aconteceu na Eslovénia, com Portugal a perder perante o 57.º do ranking FIFA por 2-0, e de forma justa, com novo desaire a acontecer perante a Croácia, terceira classificada no Mundial2022, no Jamor, por 2-1, igualmente com clara superioridade do adversário.
Martínez chegou ao cargo de selecionador de Portugal depois de seis anos a tentar dar um título à Bélgica, numa vida profissional e também pessoal muito ligada ao Reino Unido.
O técnico foi o escolhido para suceder a Fernando Santos, pouco tempo após abandonar a seleção belga, numa relação que teve o seu ‘auge’ em 2018, quando levou os ‘diabos vermelhos’ ao terceiro lugar do Campeonato do Mundo de 2018, na Rússia.
Antes da aventura belga, Martínez fez a sua vida nas ilhas britânicas, primeiro como jogador e depois como treinador, tendo dado nas vistas no Wigan e Swansea.
Contudo, o antigo médio chegou a Portugal com um espaço quase em branco no seu currículo no que conta a títulos, com a Taça de Inglaterra, conquistada em 2012/13 de forma surpreendente com o Wigan, a ser o único grande galardão da carreira do espanhol.
Nascido em Lérida e depois de passar pelo Saragoça, com apenas 22 anos, Martínez rumou ao futebol britânico e por lá se manteve até final da carreira, mas sempre em clubes das divisões inferiores de Inglaterra, com uma passagem pela Escócia para representar o Motherwell.
E foi nas divisões inferiores que o espanhol iniciou a sua carreira de treinador, nos galeses do Swansea, que abandonou após dois anos para comandar o Wigan, na altura na Premier League.
A conquista da FA Cup, a única na história do Wigan (que acabou por descer de divisão nessa época), fez Martinez ‘saltar’ para o Everton. Em três anos em Liverpool, o técnico levou a equipa ao quinto lugar e às meias-finais da Taça de Inglaterra e da Taça da Liga, mas nunca conquistou os adeptos e acabou despedido.
Com alguma surpresa, Martínez abandonou o Reino Unido e foi o escolhido para liderar a Bélgica, num período em que os ‘diabos vermelhos’ apresentavam uma das suas melhores gerações de sempre, com Eden Hazard como grande figura.
O espanhol até levou os belgas ao topo do ranking da FIFA, mas falhou o tão ambicionado título.
Logo na sua primeira grande competição, Martinez deu nas vistas na Rússia, com a Bélgica a cair apenas nas meias-finais, precisamente perante a França, que viria a conquistar o Mundial, assegurando o terceiro lugar.
No Euro2020, disputado em 2021 devido à pandemia de covid-19, apesar de ser uma das grandes favoritas à vitória, a Bélgica, depois de ter eliminado Portugal nos ‘oitavos’, caiu nos quartos de final frente à Itália, que também viria a levantar o troféu, e, no Mundial2022, foram eliminados na fase de grupos.
A campanha no Qatar levou à saída de Martínez, numa altura em que a relação com os jogadores já estava publicamente deteriorada.
A nível pessoal, o novo selecionador português é casado com uma mulher escocesa e tem duas filhas.
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