Os portugueses vibraram ao ritmo aproximado dos golos de Cristiano Ronaldo e de Nani no café Lusofolie's em Paris, cantou-se o hino, repetiu-se "só mais um, só mais um", bateram-se muitas palmas e ecoaram muitos gritos de alegria.
Depois do jogo das meias-finais do Euro2016, que Portugal venceu o País de Gales por 2-0, foi a romaria aos 'Champs Elysées', com os apitos sincronizados e os cachecóis a decorar imensos carros e motos até à rotunda da Étoile.
"Claro que estamos contentes. Agora vamos festejar, estamos na final e quem vier vamos ganhar. Este ano o Euro é nosso", exultou Vânia Menezes, a viver em França há três anos, e que foi festejar para os Campos Elísios vestida a rigor e com a maquilhagem com as cores da seleção.
No dia em que a 'Fan Zone' de Paris era pequena para acolher tantos portugueses para a meia-final Portugal-País de Gales, à espera que a Torre Eiffel se colorisse de verde e vermelho, o café Lusofolie's foi uma das alternativas para assistir à partida e gritar pela seleção na língua de Camões, com recurso a algumas expressões da língua de Voltaire.
Chegou mesmo a improvisar-se ironicamente uma música com a letra "On est dégueulasse" ("Somos nojentos"), em referência ao artigo do jornal francês 20 minutes, que assim tinha classificado a seleção.
"O jogo foi muito importante, porque durante todo este campeonato a seleção portuguesa e até o povo português foram um bocado acicatados, ou com o Ronaldo, ou com os penáltis, ou com o 'futebol nojento'. Hoje, com os dois golos - e não foram mais porque não calhou -, foi uma demonstração clara da mais-valia de Portugal e do povo português e uma forma de impor respeito do povo português relativamente ao que tem saído na imprensa estrangeira, nomeadamente em França", considerou Marco Padrão, há um ano em Paris.
Mesma opinião defendeu Luís Ferreira, de óculos e bandeira a condizer, para quem a vitória de hoje foi "uma grande lição para os três jornalistas em França que criticaram o 'Portugal dégueulasse'" e esperando que a final seja entre França e Portugal.
O café cultural também teve direito a cerejas do Fundão, à imagem da distribuição feita hoje na 'Fan Zone' e no átrio do Hôtel de Ville, e ainda houve bifanas, pastéis de bacalhau, "pão caseirinho e broa amarelinha", como prometido pelo proprietário João Heitor dias antes no Facebook.
"As bifanas, os pastéis de bacalhau, a salada de polvo, o chouriço assado vão ser multiplicados como o milagre da multiplicação dos pães e peixes de Jesus. O vinho será tão bom como o das Bodas de Cana, com fartura. Cerveja Sagres e Super Bock feito pelos Lusitanos dos montes Hermínios. Pão caseirinho e broa amarelinha como o escudo da bandeira de Portugal", prometia João Heitor no Facebook para a primeira meia-final europeia da história do Lusofolie's, que abriu há dois anos.
A multiplicação dos golos e não tanto das bifanas ou do chouriço era mesmo a única operação que interessava aos adeptos e tanto a cerveja como o vinho nacionais chegaram para hidratar a sede de golos.
"Sinceramente, o que aconteceu aqui hoje foi o milagre da multiplicação dos golos, foram dois, da multiplicação também do amor que esta gente tem por Portugal. Eu penso que neste momento se vive mais Portugal aqui além fronteiras em França do que propriamente Portugal in loco(?) Já ganhámos!", exclamou João Heitor.
Portugal conseguiu garantir pela segunda vez na sua história um lugar na final de um Campeonato da Europa, ao vencer (2-0) o País de Gales em Lyon, nas meias-finais do Euro2016 de futebol.
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