Pauleta, o melhor marcador da história da seleção portuguesa de futebol, assume a “mágoa” de ter ficado em “branco” nos Europeus de 2000 e 2004, sobretudo em Portugal, onde acreditava que seria decisivo na final.
«Principalmente no de 2004. Em 2000, joguei só um jogo e fiz metade de um golo – a bola estava praticamente dentro no segundo golo do Sérgio (Conceição). Fiz 88 jogos na seleção e nunca estive mais de quatro jogos sem marcar, exceto no Europeu. Ainda acreditei que ia ser na final, porque ia no quarto jogo sem marcar antes da final. Não aconteceu e é uma mágoa que eu tenho, que fica marcado na minha memória», lamentou Pauleta, em entrevista à agência Lusa.
Apesar de já terem passado oito anos, o antigo avançado ainda não consegue encontrar uma justificação para a sua “seca” de golos.
«Tinha feito uma época excelente com o Paris Saint-Germain, tínhamos ido à Liga dos Campeões, tínhamos ganho a Taça. Nesse ano, entre Taça, campeonato e seleção tinha feito quase 40 golos. Tinha todos os motivos para estar bem psicologicamente. Mas, são coisas do futebol. Infelizmente, isso aconteceu num momento importante, em Portugal e quando a seleção mais precisava», lamentou.
O atual diretor da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) admitiu ainda que o Euro2004 está na sua memória «por todas as razões», naquele que foi o «momento mais importante da carreira», apesar da tristeza motivada pela derrota frente à Grécia.
«Chegar a uma final de um Campeonato da Europa, ainda mais a jogar em Portugal, não é todos os dias que acontece. E é também o momento mais triste, por perder uma final, ainda mais em Portugal, com a ambição que todos tínhamos de ganhar esse torneio. Penso que, modéstia à parte, tínhamos a melhor seleção. A nível de qualidade, a nível de jogo. Merecíamos e podíamos perfeitamente ter ganho, mas o futebol é assim», referiu.
Mas, nem a tristeza, faz esquecer momentos únicos, como o eram todos aqueles vividos no percurso entre a Academia do Sporting, em Alcochete, e o Estádio da Luz, em Lisboa, a 04 de julho.
«O trajeto que fazíamos de Alcochete para o estádio era emocionante por vermos pessoas na rua, pessoas de barco, mota de água, cavalo, os ‘motards’. Era impressionante. Cada dia que passava o ambiente aumentava, a satisfação das pessoas era enorme e claro que isso mexia connosco, não vamos esconder isso. Foi um momento único em Portugal», destacou.
Antes, Pauleta já tinha estado presente no Euro2000, prova em que Portugal chegou às meias-finais e só “sucumbiu” a três minutos do final do prolongamento, frente à França.
«O Euro2000 também foi importante. Chegámos a uma meia-final, perdemos contra a França, com o penalti que tanta polémica deu. Recordo-me de estar de castigo no primeiro jogo contra a Inglaterra, que ganhámos por 3-2, naquela reviravolta de 2-0 para 3-2. Foram grandes momentos», frisou.
Para Pauleta, a seleção agora comandada por Paulo Bento pode e deve inspirar-se na “geração” do Euro2000, que, tal como agora, também enfrentou um “grupo da morte” na primeira fase, com Inglaterra, Alemanha e Roménia.
«Curiosamente, sempre que fazemos grandes europeus, apanhamos as grandes seleções pelo caminho e Portugal, como é uma grande seleção também, consegue bater-se completamente contra elas. É um motivo a mais de motivação, espero que seja um bom sinal para o próximo Europeu», salientou.
Antevendo o primeiro jogo da equipa das “quinas”, o antigo ponta-de-lança destaca a qualidade da Alemanha – está acima das outras seleções, juntamente com a Espanha -, mas considera que o calendário até pode ser benéfico para Portugal, porque são «duas equipas que se respeitam muito».
Pauleta advertiu para a necessidade de Portugal ter «muita atenção e cuidado com a Dinamarca», que considera «muito forte», e prognosticou que o grupo «vai ser discutido até à última jornada».
Quanto aos seus 47 golos, Pauleta considera natural que Cristiano Ronaldo - que, aos 27 anos, soma 32 – o supere.
«O Ronaldo de certeza absoluta que vai bater esse recorde. Um jogador que por ano marca 50 golos como é que não vai bater? Só me deixa orgulhoso. Eu, com a idade dele, nem sei se tinha algum golo. Quem vai-me passar é o melhor jogador do mundo, se calhar o melhor jogador de sempre do futebol português», destacou.
As funções que desempenha deixam Pauleta «bastante confortável» e «muito satisfeito», enaltecendo ainda as qualidades do responsável técnico pela seleção principal, com quem trabalha na FPF.
«O Paulo [Bento] como selecionador é uma coisa que não me surpreende, porque quando jogávamos víamos nele um futuro treinador. É uma pessoa que admiro bastante. É sinal que somos pessoas que temos valor. Na seleção, têm de estar as pessoas certas, no lugar certo», concluiu.
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