Os polícias da delegação portuguesa para o Euro 2016 participam armados pela primeira vez num evento desportivo internacional, numa decisão das autoridades francesas devido à ameaça terrorista, disse o responsável pela missão.
“Pela primeira vez, neste tipo de eventos, as delegações vão armadas, é uma novidade. As autoridades francesas optaram por permitir que as delegações de polícias internacionais levem os seus armamentos e equipamentos que usam nos países de origem”, afirmou à agência Lusa o superintendente Luís Simões, que chefia a delegação policial portuguesa para o Euro 2016, que vai decorrer em França.
Luís Simões, diretor do Departamento de Operações da PSP, adiantou que esta decisão das autoridades francesas “terá certamente a ver com a ameaça terrorista e com o contexto internacional que se vive”.
A delegação, composto por oito elementos (seis da PSP e dois da GNR), vai ter uma organização e funções idênticas às das delegações policiais que estiveram presentes nos últimos campeonatos de futebol da Europa e do Mundo, sendo a utilização de armas a novidade para o Euro 2016.
A delegação policial, que inicia funções em França na segunda-feira e vai permanecer neste país até ao final da participação da seleção nacional no campeonato, tem como principal objetivo acompanhar os adeptos portugueses, numa missão que será feita em conjunto com as autoridades francesas.
“A nossa delegação vai fazer equipas conjuntas com os polícias de França e estaremos nas cidades onde Portugal vai jogar”, disse Luís Simões, acrescentando que vão estar em “contacto permanente” com as autoridades locais.
O superintendente explicou que vão “acompanhar e dar apoio” a todos os adeptos portugueses.
“Qualquer português com problemas pode dirigir-se à delegação portuguesa, que depois fará a coordenação com as autoridades francesas", realçou.
Luís Simões sublinhou que, no contexto da seleção nacional, “não tem havido qualquer incidente com adeptos portugueses em termos de violência associado ao desporto”.
Questionado sobre as principais preocupações e prioridades devido ao grau de ameaça terrorista em França, referiu que a delegação vai “fazer o mesmo que faz em Portugal relativamente a situações de multidões e de eventos desta natureza”.
“Temos que estar especialmente atentos a tudo o que respeita a situações de alteração de ordem pública, mas também a indícios que possam detetar e possam ser algum sinal na preparação de algum atentado ou de algum ato preparatório”, afirmou.
Luís Simões explicou que esta delegação faz parte da cooperação policial internacional e tem como objetivo fazer a coordenação com as autoridades francesas, tendo cada seleção que participa no Euro 2016, que decorre em França entre 10 de junho e 10 de julho, uma delegação policial.
Os seis elementos da PSP e dois da GNR que compõem a delegação portuguesa são “experientes na área do policiamento desportivo” e desempenham funções de spotters (agentes que acompanham os adeptos) em Portugal, disse, sublinhando que fazem também parte desta missão polícias especializados em matéria de informações na prevenção da violência associada ao desporto.
Além dos oito elementos da delegação policial, acompanham também a seleção portuguesa um oficial da PSP e outra da GNR e uma equipa do Corpo de Segurança Pessoal da Polícia de Segurança Pública.
Na entrevista à Lusa, Luís Simões destacou ainda que o policiamento feito por Portugal durante o Euro 2004 continua a ser reconhecido a nível internacional, tendo sido “um marco na organização da segurança destes eventos desportivos” e, exemplo disso, é a organização da cooperação policial no Euro 2016 que “é em tudo idêntica” à seguida pelas autoridades portuguesas.
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