O antigo internacional português Ricardo Sá Pinto acredita que Portugal pode chegar “pelo menos” às meias-finais do Euro2024 de futebol, mas alerta que não se pode menosprezar nenhum adversário durante a competição.
“As minhas expetativas, pela qualidade que temos e não querendo meter mais pressão na seleção, é de que vamos chegar, pelo menos, às meias-finais. A equipa tem valor mais que suficiente e acredito muito na nossa seleção”, disse, em entrevista à agência Lusa.
Sá Pinto, que fez a formação no FC Porto e Salgueiros, mas que se destacou ao serviço do Sporting, somou 45 internacionalizações e 10 golos pela seleção principal, tendo estado presente nos europeus em 1996 e 2000.
No Euro2024, Portugal vai disputar o Grupo F juntamente com República Checa (em 18 de junho, em Leipzig), Turquia (22, em Dortmund) e Geórgia (26, em Gelsenkirchen).
O antigo jogador, que depois de 'pendurar as chuteiras' enveredou pelo caminho de treinador, explicou que o Europeu, que vai decorrer na Alemanha entre 14 de junho e 14 de julho, é uma competição curta e com pouca margem de erro.
“Os perigos têm a ver com a nossa preparação mental e não podemos menosprezar nenhum adversário nestas competições a eliminar. Não há adversários fáceis, cada vez menos, portanto, são todas boas seleções. Cada jogo vai ser uma final, cada jogo é para ganhar e temos que abordar o jogo como se fosse a final, que nós tanto ansiamos”, defendeu.
Sá Pinto, de 51 anos, elogiou o grupo de jogadores que o selecionador Roberto Martínez tem ao dispor, explicando que os grandes torneios acontecem apenas de quatro em quatro anos e que nem todos os jogadores têm a possibilidade de os disputar, por isso, é necessário darem tudo.
“Esta geração é uma geração muito boa, Portugal volta a ter uma geração muito boa. E vemos jogadores ficarem de fora dos 26, como o caso do Pote e Trincão, entre outros, que fizeram um campeonato muito bom [pelo Sporting] e que também mereciam lá estar, mas infelizmente não há lugar para todos. Portanto, já aí existe muita competitividade só para estar presente”, defendeu.
O treinador, que se sagrou campeão ao serviço dos cipriotas do APOEL, garante que estes torneios marcam a carreira dos jogadores e confessa que representar o país é o ponto alto na vida de um futebolista.
“Para mim, sempre foi o auge da minha carreira. Podia ter jogado no Real Madrid, estive muito próximo disso, mas mesmo que tal tivesse acontecido, não seria ponto alto da minha carreira enquanto jogador de futebol, seria sempre a seleção nacional. É um sentimento de grande orgulho representar a pátria. E, portanto, vai muito além do jogo”, garantiu.
Em relação ao facto de alguns jogadores serem mais utilizados do que outros durante a competição, Sá Pinto salienta que os futebolistas sabem e respeitam, de uma maneira diferente, as decisões na seleção em relação aos clubes.
“Há uma aceitação diferente, porque é uma competição muito curta e o jogador que está na seleção tem uma mentalidade diferente. Também tem uma aceitação diferente por estar entre os melhores e pelo compromisso que existe com o país. Portanto, aquelas azias que normalmente acontecem em termos de clubes quando não se joga, ali acontece muito menos”, referiu.
Sá Pinto afirmou que os atletas reconhecem valor uns nos outros e sabem que “Ronaldo e mais alguns” vão jogar por “1001 razões e todos respeitam isso”.
“Mas existem outras situações, como por questões estratégicas, em que um vai jogar aqui, o outro vai jogar ali, também devido à proximidade dos jogos. Os jogadores sabem mais ou menos quem é que, à partida, são aqueles oito ou nove jogadores que normalmente vão começar e depois podem existir ali dúvidas sobre uma ou outra posição”, disse.
No entanto, Sá Pinto diz que é necessário também gerir as expectativas de um grupo de trabalho com “muitas e boas opções para construir um 'onze' para cada jogo”, explicando que o selecionador tem um papel importante.
“É importante o papel do treinador e, claro, a habilidade dele de poder manter o foco dos jogadores que não estão a ser ou que não foram inicialmente apostas. Tem de manter a chama, fazer sentir que confiam neles. É preciso alimentar os jogadores a toda hora, principalmente os que não jogam, para quando um for chamado, como o caso do Éder, que foi chamado em 10 minutos e fez o golo [na final do Euro2016]. É isso que se pede aos jogadores, quem entrar, entra para ajudar e fazer a diferença”, concluiu.
Comentários