O dia 9 de janeiro de 2023 foi histórico, na medida em que, pela primeira vez, foi nomeado um estrangeiro como selecionador nacional português. De seu nome Roberto Martínez, o espanhol gerou muitas dúvidas ao início, mas a qualificação perfeita para o Euro 2024 parece ter ajudado a conquistar os corações dos portugueses.

Mas quem é Roberto Martínez?

Natural de Lerida, em Espanha, Roberto Martínez Montoliú começou a carreira futebolística como jogador, ao serviço do Real Zaragoza na década de 90.  Foi preciso pouco tempo a jogar no seu país natal para merecer a atenção de Inglaterra, onde representou o Wigan Athletic durante seis temporadas, sendo que só na última se afirmou como titular.

Martínez jogava no miolo do terreno e terá sido a partir daí que desenvolveu a capacidade de perceber o jogo de outra perspetiva, seguindo do Wigan para o Motherwell (Escócia) durante um ano, antes de voltar a Terras de Sua Majestade para jogar no Walsall. Daí rumou ao País de Gales para jogar no Swansea, emblema onde teve a maior continuidade da carreira, tendo-se retirado do futebol como jogador no Chester City (Inglaterra), em 2006/07.

Nesse mesmo ano iniciou outro percurso na sua vida: o de treinador. O início foi no seu antigo clube, o Swansea City onde conseguiu conquistar o troféu de campeão da League One, logo em 2007/08. Mais tarde rumou a outro ex-clube, o Wigan, onde também venceu um título, mas este significativamente mais importante, uma vez que se trata de uma Taça de Inglaterra, já no seu último ano naquele clube, em 2012/13.

As boas prestações das suas equipas garantiram-lhe uma nova oportunidade na Premier League, mas no Everton. Contudo este não foi o período mais feliz da carreira, uma vez que só durou duas temporadas, sem grandes efeitos práticos.

Mas quando se fecha uma porta, abre-se uma janela e foi aí que Roberto Martínez deu início ao percurso nas seleções, tendo orientado a Bélgica de 2016 a 2022. O espanhol, agora com 50 anos, teve nas mãos aquela que é considerada a maior geração belga da história e conseguiu mesmo as meias-finais do Mundial 2018, em que só perdeu com a campeã França, e os quartos de final do Euro 2020, sendo que desta vez ficou pelo caminho contra a Itália, que curiosamente também se sagraria vencedora da competição.

E agora, o que vem aí?

Após este passado com algumas conquistas, Roberto Martínez assumiu o cargo de selecionador nacional de Portugal no início de 2023 e quem diria que ia correr tão bem?

Nos primeiros estágios deu para perceber que seria uma lufada de ar fresco - como alguns jogadores fizeram questão de admitir - e o prefácio do espanhol era simples: "Portugal tem de ser uma equipa moderna", disse. Mas o que significava isto? Ter uma equipa com adaptabilidade tática, que tirasse os melhor proveito de todos os seus jogadores.

E assim foi. Começou por utilizar uma defesa a três, que foi alterando para uma linha de quatro com o passar do tempo, mas o que prometeu, cumpriu: Portugal mostrava uma maior vocação ofensiva e os seus craques pareciam mais confortáveis e mais "soltinhos", como agora se diz.

A qualidade do futebol traduziu-se em resultados e a Seleção Nacional reinou no Grupo J de qualificação. Foram dez vitórias em dez jogos com 36 golos marcados e apenas dois sofridos e vários recordes quebrados. O único desaire surgiu num amigável contra a Eslovénia, em que com algumas baixas como Cristiano Ronaldo, Portugal até nem jogou mal, mas sai derrotado.

Agora, Roberto Martínez terá pela frente o maior desafio da carreira no Grupo F do Europeu 2024, onde terá de medir forças com Chéquia, Turquia e Geórgia. Portugal surge como um claro candidato - e quem sabe favorito - a vencer a competição, mas isso só se prova no campo e, aí, a Seleção Nacional tem dado boa conta de si.

Com o Campeonato da Europa aí tão perto, só podemos desejar boa viagem a toda a comitiva e (esperamos nós), até dia 14 de julho!