Estádio moderno, vídeo-árbitro, comentários de especialista feminina, uma equipa de arbitragem feminina internacional e de alto gabarito no relvado, três golos, e uma grande promoção do futebol feminino em Portugal. Só faltou o público para a final da Taça da Liga entre Benfica e Sporting ser completo, numa tarde de espetáculo no Municipal de Leiria, entre as duas principais equipas de futebol feminino de Portugal.

O Benfica entrou a todo o gás, fez o 2-0 muito cedo mas uma expulsão ainda no primeiro tempo mudou o curso do jogo. Apesar da pressão leonina, as comandas de Susana Cova só fizeram um golo. O Benfica renova assim o título na Taça da Liga, depois de ter vencido a primeira edição.

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Este foi o segundo encontro entre as duas maiores potências da modalidade em Portugal num espaço de quatro dias, o terceiro esta época. No sábado o Sporting tinha ido ao Seixal vencer o Benfica por 1-0, na 7.ª jornada da fase de apuramento de campeão da principal liga de futebol feminino.

Entrada a 'matar' do Benfica foi decisiva

A vitória em casa da rival dava motivação, como reconheceu a Leoa Tatiana Pinto mas a centro-campista do Sporting alertou que o Benfica iria estar diferente na final da Taça da Liga. E foi isso que se viu, com uma entrada muito forte, a manter o Sporting no seu meio-campo contrário, a marcar e a criar várias situações de perigo.

Logo aos quatro minutos o Benfica chegou a vantagem por Cloé. Andreia Jacinto perdeu a bola em zona proibida, Cloé Lacasse serviu Kika Nazareth que tirou uma adversária do caminho e rematou de pronto. A guarda-redes internacional Inês Pereira travou o remate mas a bola sobrou para Cloé atirar de pronto para o 1-0.

O golo cedo atordoou as Leoas, que viram Inês Pereira negar o bis a canadiana Cloé Lacasse, aos sete minutos.

Só dava Benfica e, aos nove minutos, Cloé Lacasse serviu de bandeja para Kika Nazareth mas a jovem portuguesa de 18 anos atirou por cima, já dentro da área, quando tinha tudo para marcar.

O Sporting continuava perdido em campo, incapaz de reagir ao golo madrugador e à pressão encarnada. Aos 11 minutos, após um canto, a bola sobrou para Kika Nazareth, a benfiquista tirou Ana Borges do caminho mas sofreu falta, já dentro da área. A árbitra Sandra Bastos não teve dúvidas e assinalou grande penalidade, para desespero da sportinguista. Na conversão, a avançada Nycole rematou forte e rasteiro junto ao poste esquerdo. Inês Pereira ainda adivinhou o lado mas a bola ia bem colocada e com força.

Com Kika Nazareth endiabrada, o Sporting continuava sem poder subir no terreno. A avançada de 18 anos sofreu falta muito perto da área aos 15 minutos, quando foi travada por Nevena. A árbitra Sandra Bastos mostrou amarelo a sérvia do Sporting. No livre, Carole atirou rasteiro mas Inês Pereira defendeu, depois de a bola bater na barreira.

Entre as Leoas só Inês Pereira parecia estar em jogo. Decisiva no encontro apesar dos dois golos sofridos, voltou a mostrar a sua destreza quando travou o tiro de Cloé que procurava novo golo.

Tal como previu Filipa Patão, treinadora do Benfica, o lado emocional ia fazendo a diferença.

Sporting só cresce com mais uma

Só à passagem da meia hora se viu o primeiro lance de perigo do Sporting, num cruzamento de Tatiana Pinto que Ana Capeta quase desviava na área.

O domínio encarnado parou no vermelho aos 34 minutos, quando a jovem Beatriz Cameirão viu o segundo amarelo (tinha visto o primeiro aos 23 minutos) e deixou o Benfica a jogar com menos. A alentejana deixou o Municipal de Leiria em lágrimas, incrédula com a decisão da juíza do encontro.

Em vantagem numérica, o Sporting cresceu e reduziu aos 52 minutos, num desvio de cabeça de Bruna Costa, após livre. Aos 57 podia ter chegado o empate mas Tatiana Pinto falhou de forma escandalosa: correria de Ana Capeta pela direita, centro atraso para o remate de primeira da avançada, para fora.

O ataque do Benfica passou a viver das individualidades, com Kika Nazareth e Cloé Lacasse a chegarem para colocar a defensiva leonina em sentido.

Leoas muito perdulárias

O Sporting nunca desistiu, foi criando lances de perigo, mas falhava na finalização. No minuto 82, Ana Borges centrou para a área onde apareceu Andreia Jacinto, completamente sozinha, a rematar para fora. Perdida incrível! Aos 90 minuto, nova oportunidade perdida. Num grande gesto técnico, Carolina Mendes rematou mas a bola bateu com estrondo na barra da baliza de Letícia.

A árbitra Sandra Bastos deu oito minutos de descontos, aproveitados pelo Benfica para defender com unhas e dentes a vantagem e conquistar a Taça da Liga pela segunda vez. Em janeiro, o Benfica tinha derrotado o Sporting de Braga na final da primeira edição, adiada para este ano, devido à pandemia de COVID-19.

Este foi o sexto dérbi no futebol feminino, onde o Sporting continua em vantagem: venceu as últimas três antes desta final da Taça da Liga (1-0 na fase de campeão, no sábado, 3-0 na fase regular da Liga e 3-2 na Liga na época passada). O Benfica já tinha vencido o primeiro jogo de sempre entre estas duas equipas, na Liga 2019/20, por 3-0. Antes verificou-se um empate a duas bolas na Taça da Liga entre Leoas e Encarnadas.

De recordar que para chegar até a final, o Benfica eliminou nos quartos de final o Clube Albergaria (0-2) e nas meias-finais o FC Famalicão (0-3). Já o Sporting venceu o Condeixa (1-4) e o SC Braga (2-1).

Ficha de jogo:

Onze do Sporting: Inês Pereira; Joana Marchão, Bruna Lourenço, Nevena Damjanovic, Mariana Rosa; Tatiana Pinto, Fátima Pinto, Andreia Jacinto, Ana Borges; Raquel Fernandes, Ana Capeta.

Onze do Benfica: Letícia; Ana Seiça, Carole Costa, Catarina Amado, Lúcia Alves; Ucheibe, Beatriz Cameirão, Andreia Faria; Kika Nazareth, Cloé Lacasse, Nycole.