"Está claro para todos que ele quer ir embora", afirmou o diretor desportivo Leonardo ao jornal 'Le Parisien' nesta terça-feira. O divórcio parece consumado entre PSG e Neymar, após as duas piores temporadas da carreira do brasileiro, marcadas por lesões, fracassos desportivos e uma difícil adaptação à Ligue 1.

A imprensa desportiva espanhola delicia-se com a ausência de Neymar no regresso aos treinos do PSG, marcado para segunda-feira, no meio da novela sobre um possível regresso do atacante para Barcelona. "Ele desafia o xeque", escreveu o jornal Marca, referindo-se aos donos cataris do clube francês. Já o Sport cita uma "Guerra total Neymar-PSG" e o Mundo Deportivo a "Guerra PSG-Ney".

Segundo o jornal espanhol Marca, "a atitude de Neymar" é "uma declaração de guerra ao PSG para obter a saída do clube e a transferência ao Barcelona, um desejo que o brasileiro nunca escondeu".

Lesões e arbitragem

Mas por que Neymar quer ir embora quando ainda restam três anos de contrato com um salário mirabolante, estimado em 30 milhões de euros anuais?

Primeiramente, devido ao facto de que estas foram as suas duas piores temporadas na carreira, após sofrer sucessivas lesões no pé que o privaram de disputar os jogos mais importantes. Ao deixar o Barcelona para jogar no PSG, Neymar queria sair da sombra de Messi para ganhar a Bola de Ouro. Agora, nunca esteve tão longe desse objetivo, após uma nova temporada decepcionante que terminou com uma nova lesão e a ausência na Copa América, conquistada pelo Brasil sem ele.

Estará Neymar cansado do campeonato francês e das suas partidas fisicamente exigentes? Em fevereiro, o pai Neymar da Silva Santos, que também é seu empresário, desabafou na televisão francesa, reclamando de árbitros "que não apitam as faltas". "Não é o campeonato que é um problema, é a arbitragem que precisa de proteger o jogador de futebol", criticou.

Sem a sua estrela, o PSG foi eliminado duas vezes seguidas nos oitavos de final da Liga dos Campeões. Apesar dos investimentos colossais feitos para trazer Neymar e Kylian Mbappé em 2017 (222 e 180 milhões de euros respetivamente), o projeto parisiense de domínio europeu não parece evoluir, pelo contrário, parece andar para trás desde que o clube chegou aos quartos de final da Champions em 2015 e 2016.

Nesta temporada, a eliminação em casa nos oitavos de final diante de um enfraquecido Manchester United (3-1) foi o golpe de misericórdia. Ausente nesta partida por lesão, Neymar recebeu uma suspensão de três partidas na Champions por criticar a arbitragem, uma punição que lhe fará perder metade da fase de grupos na competição continental, em setembro-outubro.

"Passo para trás"

Será a marca Neymar grande demais para o Paris Saint-Germain? O antigo avançado Ronaldo já tinha afirmado em janeiro de 2018 que a saída do brasileiro do Barcelona para jogar no clube parisiense era "um passo para trás" no plano desportivo.

"Eu jogava no Barcelona, mas eu saí para jogar na Inter de Milão quando o campeonato italiano era muito mais competitivo", argumentou o 'Fenómeno'.

O clube francês sempre teve dificuldades para lidar com Neymar, uma estrela de alcance mundial. A fragilidade do relacionamento entre o PSG e o jogador ficou visível logo na primeira temporada do atacante em Paris, após a grave lesão no pé, que ele preferiu tratar no Brasil com o médico da seleção brasileira, de olho no Campeonato do Mundo que se aproximava.

Mas o PSG, que procura um novo fôlego, decidiu mudar o discurso. Para relançar o clube, os dirigentes cataris chamaram de volta Leonardo para reassumir a direção desportiva, um cargo no qual o ex-jogador brilhou entre 2011 e 2013 em Paris.

Leonardo já mostrou a nova mentalidade que reina no clube em entrevista ao 'Le Parisien': "Não precisamos de jogadores que estejam a fazer um favor ao clube ao ficar aqui (...) Eu não conheço um clube que ganhou a longo prazo com um jogador maior do que a entidade. Para que um clube possa avançar, é preciso ter controlo sobre tudo, inclusive sobre os jogadores mais importantes", avisou.

Leonardo também lembrou que, até o momento, o PSG não tem "propostas" por Neymar, somente "contactos muito superficiais" com o Barcelona.

Qualquer que seja o clube, este precisará de lidar também com os problemas fora de campo de Neymar, que responde a uma acusação de violação no Brasil. O atacante nega as acusações.