Graças à desistência do Benfica de Luanda, o drama do histórico 1º de Maio de Benguela de deambular na segunda divisão no futebol angolano apenas durou três meses e, com isso, regressa ao Girabola 2017.

A 23 de Outubro último – precisamente a duas jornadas do fim do Girabola 2016 -, o Maio perdia em casa diante da Académica do Lobito, por 0-1, e selava a descida à segunda divisão, mas nunca na história o clube esperava que essa derrocada no panorama futebolístico angolano terminaria três meses depois.

E tudo isso porque a formação de Benguela recebeu uma “boa-nova” no dia 25 de Janeiro deste ano. Com a desistência das “Águias” da capital, o 1º de Maio garantiu vaga na disputa de uma liguilha ao lado do Porcelana do Cuanza Norte, Domant do Bengo, Sporting de Cabinda e 4 de Abril do Cuando Cuando.

De entre as cinco equipas notificadas pela FAF (Federação Angolana de Futebol), o Maio foi a única a responder imediata e favoravelmente à solicitação daquele organismo e, assim, fará parte do Girabola 2017, dada a indisponibilidade das restantes para o torneio.

Todavia, a coleção de fracassos das últimas épocas, cujo caso mais recente é a despromoção da primeira divisão em 2016, com 29 pontos em 30 jogos (7 vitórias, 8 empates e 15 derrotas – com saldo de 24 golos marcados e 44 sofridos) – além também das descidas em 2011 e 2014, fez o combinado perder a confiança dos adeptos.

Mas, como o futebol é uma caixinha de surpresas, haverá sempre quem acredite ser possível começar a reverter o quadro, a partir de uma boa participação no campeonato nacional de futebol da primeira divisão de 2017, onde a missão principal é o resgate do prestígio da equipa “proletária”.

Para dar início a esse processo de resgate da mística e reconquistar a simpatia dos seus “torcedores”, o emblemático clube da quadricentenária cidade de Benguela tem à disposição – pelo menos por enquanto, 27 jogadores aprovados pelo treinador Hélder Teixeira.

Destes, 16 são reforços e o destaque vai para o médio Negra, do Real Sport Lisboa (Portugal). Realce também para a promoção ao escalão sénior de três atletas, nomeadamente o defesa-direito Graciano, o médio-centro Gaúcho e o médio-direito Etó, todos na faixa etária dos 20 anos.

Desde a estreia no Girabola, em 1980, já vestiram a camisola do 1º de Maio de Benguela várias vedetas do futebol angolano como Mário Luvambo, Fusso Nkosi, Maluca, Kiala, Sarmento Seque, Nelson, Tadeu e Paulão.

A seguir a Luanda, a província mais titulada na primeira divisão, com o Petro de Luanda a liderar o ranking, o 1º de Maio, fundado a 1 de Abril de 1980, a partir da fusão do Estrela Vermelha de Benguela e do Grupo Desportivo 1º de Maio, é o clube local com o maior número de troféus em competições internas.

Os entusiastas Fonseca Santos, Rui Araújo, Victor Valente, Lourenço Correia, Yuca Gregório e Pascoal Luvalo viram seus nomes entrar para história do futebol como fundadores do Estrela Clube 1º de Maio de Benguela, uma designação que viria, porém, a substituir a África Têxtil 1º de Maio de Benguela.

Este ano, o caminho do 1º de Maio - no Girabola e na Taça de Angola - antevê-se difícil. Mas um clube tão tradicional como este vai querer construir uma nova história, com muito trabalho e rigor para o alcance dos objetivos de uma direção que mescla juventude e veterania, e que espera erguer dentro de campo o “troféu da permanência”.

Para a sobrevivência na presente temporada, a empresa angolana Crisgunza continua a ter um papel destacável ao patrocinar oficialmente a equipa, à semelhança do que já fez no ano passado. Nas camisolas de cor vermelha e nos calções brancos do 1º de Maio, é o logotipo deste grupo empresarial que sobressai.

E, para que não haja margem para dúvidas em relação à grandeza desta agremiação benguelense na arena futebolística nacional, basta olhar atentamente para o Palmarés de futebol: