Numa altura em que decorre em Angola, há já alguns dias, encontros sectoriais de auscultação que terminarão com a realização da Conferência Nacional do Futebol, em Junho, o presidente da Associação Provincial de Futebol (APF) do Huambo, António do Rosário de Lemos, afirmou hoje (quinta-feira), que os problemas da modalidade são conhecidos por todos.

Em declarações à Angop, a propósito da conferência que vai discutir o estado do futebol em Angola e encontrar soluções para a crise a que se encontra esta disciplina desportiva, o dirigente considera a falta de aposta nas camadas de formação como sendo o principal problema.

"São muitos os problemas, sendo o mais grave a falta de atenção nas camadas jovens, de onde no passado despontaram grandes talentos, alguns dos quais notabilizaram-se ao serviço da seleção", desabafou.

O também ex-jogador da seleção, tendo disputado em 1996 o CAN, na África do Sul, aponta ainda a falta de competições provinciais regulares nos escalões de formação (iniciados, juvenis e juniores) como um outro problema que emperra o desenvolvimento do futebol no país.

A estes dois problemas já citados, António do Rosário Machado de Lemos inclui também a falta de formação especializada aos treinadores que trabalham nas camadas de formação e a falta de uma política concreta orientada para o desenvolvimento do futebol, desde a base, que espera venha ser deliberada nesta 1ª conferência da modalidade.

"Lamentavelmente não temos conseguido traduzir em prática algumas das iniciativas boas que já existem. Fala-se muito do desporto de formação, mas nada é feito para sairmos desta letargia, apesar de termos pessoas com capacidades para tal", disse.

O presidente da associação de futebol da província do Huambo também culpou os clubes por gastarem maior parte dos seus orçamentos financeiros no futebol sénior, contratando, inclusive, jogadores, treinadores e pessoal administrativo do estrangeiro, quando os escalões de formação nem sequer material de treino têm.

Entre as soluções apontadas por ele, consta a revitalização do desporto escolar e dos torneios interproviniciais nas camadas jovens, bem como a formação de treinadores e a obrigação dos clubes anualmente colocarem a jogar na principal equipa um ou dois atletas saídos da base.

De 48 anos de idade, o ex-médio esquerdo da seleção nacional, descoberto em torneios escolares na província do Huambo, representou, entre 1980 e 1999, as formações do Benfica do Huambo, Petro de Luanda, Sagrada Esperança e Sonangol do Namibe, tendo sido, curiosamente, capitão nas três primeiras equipas onde passou.

Alguns anos depois de ter encerrado a sua carreira como atleta de alta competição, António do Rosário Machado de Lemos treinou o Recreativo da Caála, no torneio de apuramento ao Girabola.