Carlos Queiroz completa hoje 70 anos de vida, 40 deles de carreira, dedicados ao futebol. O treinador português voltou a abraçar um desafio numa seleção, agora no Qatar, depois de ter conduzido o Irão durante o Mundial2022.

Queiroz começou a sua carreira na época 1983/84, como treinador dos sub-15 do Clube de Futebol Os Belenenses. Em 1984/85 entrou na Federação Portuguesa de Futebol onde viria a desenvolver um trabalho nas camadas jovens que muito beneficiou o futebol português nos aos seguintes e até hoje.

Numa entrevista ao site oficial da Federação do Qatar, o técnico destacou o quão importante é celebrar os 70 anos, 40 de carreira, em plena atividade.

"Continua o mesmo valor simbólico de sempre. A paixão pelo jogo de Futebol que, acredito, continua a ser a chama que arde, a fonte que me entusiasma e me motiva acordar todos os dias na procura de melhorar. Melhorar sempre e poder continuar a dar o meu contributo para o desenvolvimento de jogadores e construção de equipas para a competição. E no final, claro, saborear esse resultado único que o futebol nos traz: aprender ou… ganhar! Sinto este mesmo desejo, esta mesma inquietação e este mesmo inconformismo, desde o primeiro dia", comentou o treinador português.

O treinador português faz parte do restrito lote de técnicos que esteve em quatro Mundiais de futebol, ao lado de Walter Winterbottom (Inglaterra) e Óscar Tabárez (Uruguai). O técnico luso, de 70 anos, liderou Portugal no Mundial2010, na África do Sul, e os iranianos, em 2014, 2018 e 2022. Antes, tinha apurado a África do Sul para o Mundial2002 mas seria afastado a poucos meses do início da prova. Agora abraça um novo desafio na seleção do Qatar, após o final do contrato com a Federação Iraniana de Futebol.

"Dirigir a Seleção Nacional do Qatar constitui para mim, desde logo, um enorme motivo de orgulho. Quero aqui deixar expressa a minha gratidão pela confiança em mim depositada. Ao mesmo tempo, este desafio é também um tributo à gratidão por tudo o que futebol proporcionou ao longo destes 40 anos. Refiro experiências e vivências humanas, sociais e culturais, únicas, que pude atravessar. Posso dizer que, graças ao futebol, sou hoje alguém com mundo, no meu ser e viver", destacou o português, na entrevista ao site oficial da Federação do Qatar.

O treinador luso detém o recorde mundial de 131 vitórias em 236 jogos por seleções e é o selecionador com o terceiro melhor aproveitamento (entre os com 100 jogos ou mais) nas equipas nacionais, com 55,% por cento de vitórias, apenas batido pelo brasileiro Mário Zagallo (65,7% e 187 jogos) e pelo alemão Joachim Low (62,2% em 198 encontros).

Instado a destacar as memórias que guarda da carreira e as suas referências, Carlos Queiroz escolheu três momentos fantásticos.

"Nas minhas memórias, felizmente, tenho momentos únicos vividos junto daqueles que têm vindo a constituir as minhas 'famílias do futebol'. Destaco dirigentes, os meus colegas de treino nas equipas técnicas e particularmente os jogadores, a quem devo muito do que sou hoje e aos quais sou eternamente grato. Destaco três marcos na minha carreira e na minha vida profissional: o Mundial de 66 e todo o impacto que teve na minha juventude, sobretudo pelo exemplo e contributo dos moçambicanos na seleção de Portugal; o mundial de 82, onde tive a oportunidade de contribuir com o meu humilde trabalho para Tele Santana e Moraci, dando os primeiros passos no mundo do scouting e análise de adversários para aquela fantástica seleção do Brasil; e a conquista do primeiro Mundial-Sub 20 com Portugal. Estes três momentos definem o perfil da minha carreira", disse o técnico, deixando para o final o destaque maior.

"Mas de todos, o marco mais importante da minha vida é o meu pai, também ele jogador e treinador de futebol. Não tendo sido capaz de ter sido melhor jogador do que ele, sobrou-me tentar ser melhor treinador. Não consegui nem uma coisa nem outra. A ele devo tudo e a ele dedico tudo", completou.

- Dados biográficos

Nome: CARLOS Manuel Brito Leal QUEIROZ.

Data de Nascimento: 01 de Março de 1953.

Naturalidade: Nampula (Moçambique).

Grau académico: Licenciado em Educação física, com especialização em futebol.

- Como jogador:

Guarda-redes do Ferroviário de Moçambique (1976/68, como iniciado, a 1972/73, como júnior).

- Como treinador adjunto:

Percurso: Estoril (1983/84, de Mário Wilson), Selecção Nacional de Juniores (1984/85 a 1986/87, de José Augusto) e Manchester United, Ing (2002/2003 e 2004/05 a 2007/08, de Alex Ferguson).

Palmarés como treinador-adjunto

Campeão inglês, 3 (2002/2003, 2006/2007, 2007/08).

Supertaça inglesa, 1 (2002/03).

Taça da Liga inglesa, 1 (2005/06).

Liga dos Campeões, 1 (2007/08).

- Como treinador principal:

Percurso: S.L. Olivais (1981/82, infantis), Belenenses (1982/83, infantis e iniciados), Treinador das seleções nacionais jovens (1987/88 a 1990/91), Selecionador Nacional (1991/92 a 1993/94 - 04/09/91 a 17/11/93 e de 2008 a 2010), Sporting (1993/94 a 1995/96), New York/ New Jersey MetroStars, EUA (1996), Nagoya Grampus Eight, Jap (1997), seleccionador dos Estados Unidos (1998), seleccionador dos Emiratos Árabes Unidos (1999) e seleccionador da África do Sul (2000/2002), Real Madrid, Esp (2003/04); treinador-adjunto do Manchester United (2002/02 e de 2004 a 2007), selecionador do Irão (de 2011 a 2019 e em 2022), selecionador da Colômbia (de 2029 a 2020), selecionador do Egipto (de 2021 a 2022).

Palmarés como treinador principal:

Vice-campeão europeu de sub-16, 1 (Espanha1988)

Vice-campeão europeu de sub-18, 2 (Checoslováquia1988 e Hungria1990)

Campeão europeu de sub-16, 1 (Dinamarca1989)

Campeão mundial de juniores, 2 (Arábia Saudita1989 e Portugal1991)

Terceiro lugar no mundial de sub-16, 1 (Escócia1989)

Taça de Portugal, 1 (1994/95)

Supertaça de Portugal (d), 1 (1994/95)

Supertaça do Japão, 1 (1997)

Qualificou a África do Sul para o Mundial, 1 (Coreia do Sul/Japão2002), Portugal para o Mundial 2020 (África do Sul) e Irão para três Mundiais (2014, 2018 e 2022)

Supertaça de Espanha, 1 (2003/04)

(d) - Só disputou os dois primeiros jogos (0-0 em casa e 2-2 nas Antas. O jogo de desempate foi ganho (3-0 em Paris, a 30 de Abril de 1996, já com Octávio Machado como treinador do Sporting).