Depois de três jogadores terem caído em campo, em menos de uma semana, um grupo de cientistas veio alertar para a "responsabilidade pública" dos comentadores desportivos que têm sugerido uma ligação entre os referidos incidentes e a vacina contra a COVID-19.

Charlie Wyke, avançado do Wigan, teve de ser hospitalizado na quinta-feira, depois de ter sentido uma indisposição durante o treino. O mesmo já tinha acontecido a John Fleck, do Sheffield United, e Adama Traoré, do Sheriff Tiraspol, com ambos a colapsarem nos jogos frente ao Reading e Real Madrid, respetivamente.

Alguns comentadores desportivos têm alimentado a especulação de que os episódios estariam de alguma forma relacionados com a vacina contra a COVID-19. A rádio TalkSport, por exemplo, tirou o ex-futebolista Trevor Sinclair do ar quando este questionou se John Fleck teria sido recentemente vacinado.

Nesse sentido, um grupo de cientistas, citado pelo jornal inglês The Telegraph, alertou os comentadores desportivos para a sua "responsabilidade pública". "Tendo em conta o histórico de certos futebolistas no ativo face às crenças antivacinas, é completamente irresponsável fazer esses comentários infundados”, disse o professor Keith Neal, especialista em epidemiologia de doenças infeciosas na Universidade de Nottingham.

Robert Dingwall, especialista em saúde pública da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Nottingham Trent, partilha desta opinião.

"Existem muitas razões pelas quais podem ocorrer colapsos em campo. Temos de ter cuidado para não lhes atribuir uma causa em específico até que tenham sido devidamente investigados. Pode ser tentador culpar as vacinas contra a COVID-19, mas os especialistas têm a responsabilidade pública de não alimentar a hesitação relativamente à vacina sem qualquer evidência real de que este é um fator comum em eventos amplamente separados", defendeu.

O 'The Telegraph' dá conta de que Charlie Wyke não recebeu a vacina contra a COVID-19 e que todos os testes ao novo coronavírus foram negativos.