O Paris Saint-Germain joga pela sobrevivência na Liga dos Campeões esta quarta-feira contra o Liverpool, mas também há jogo nos bastidores: os dirigentes parisienses trabalham no âmbito jurídico e comercial para proteger o futuro europeu do clube, que é ameaçado pelo fair-play financeiro.

Acusado pelo "Football Leaks" em meados de novembro de ter branqueado certos patrocínios para cumprir com requisitos da UEFA, o PSG apresentou um recurso ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) para impugnar a "investigação a fundo" do caso de desrespeito ao fair-play financeiro (FPF), regra que impõe que os clubes não podem gastar mais do que ganham.

O Comité de Controlo Financeiro dos Clubes (CCFC) - órgão da UEFA encarregado de regular a situação contável dos clubes europeus - abriu um processo contra o PSG em setembro de 2017, depois das contratações milionárias de Neymar e Kylian Mbappé por mais de 400 milhões de euros. O caso foi arquivado em junho de 2018, mas voltou a ser aberto em setembro de 2018.

É o início desta "investigação a fundo" que o clube francês critica no TAD, ao considerar que já cumpriu com os requisitos do CCFC ao gerar cerca de 60 milhões de euros de receita durante a última janela de transferências.

Em caso semelhante, o TAD autorizou em julho o AC Milan a disputar a Liga Europa, competição para a qual se classificou, mas da qual havia tinha excluído pela UEFA por não respeitar o fair-play financeiro.

Por enquanto, o clube francês conseguiu criar obstáculos a curto prazo para dificultar a investigação. A partir de agora, "é preciso esperar uma decisão do TAD sobre o recurso apresentado pelo PSG antes de poder tratar o caso", anunciou a UEFA à AFP em meados de novembro.

"Em geral, o TAD trabalha rapidamente, então podemos imaginar que, se o PSG fez uma solicitação de procedimento acelerado, durará alguns meses", explica à AFP o advogado Hervé Le Lay. "Caso contrário, durará, talvez, seis meses no máximo, supondo que o recurso do PSG seja admissível no plano jurídico".

Se o recurso não foi aceite, o processo será reiniciado e o PSG, já punido em 2014, ficaria exposto a sanções pesadas, que poderiam ir de uma simples multa até a exclusão de competições europeias.

Patrocínios

Para defender a sua boa fé, o PSG só tem um objetivo em mente: mostrar que é capaz de gerar a sua própria receita sem o apoio de patrocinadores, como o da agência de turismo do Qatar (QTA), cujo valor real constitui um dos principais pontos do entrave com o CCFC.

"Neste momento, há conversas comerciais para o patrocínio do espaço dianteiro da camisola para que se unam ao clube grandes patrocinadores económicos", confirmou à AFP Jean-Claude Blanc, diretor-geral do clube. Em junho termina o contrato do PSG com a Fly Emirates (20 a 25 milhões de euros anuais).

A questão é saber se o PSG seria capaz de alcançar o valor de 60 milhões de euros por ano que outros grandes clubes europeus arrecadam com patrocínios. "Veremos nas próximas semanas, tanto a camisola como de maneira geral os valores se multiplicaram por três ou quatro porque o PSG é hoje uma marca global", respondeu o dirigente parisiense.

Coca-Cola, American Express, Lovebet... Em poucos dias o PSG oficializou vários patrocínios que irão aportar milhões de euros, apesar do caso das contratações étnicas do clube, algo que pode ser prejudicial para a imagem das empresas.