A presidente da Federação Norueguesa de Futebol, Lise Klaveness, instou hoje a FIFA a “dar o exemplo” quanto aos direitos dos trabalhadores, das mulheres e da comunidade LGBT, durante o 72.º congresso do organismo, em Doha.

“Os nossos membros exigem mudanças e transparência e querem fazer ouvir a sua voz. Não podemos ignorar a necessidade de mudança e a FIFA tem de atuar e dar o exemplo”, disse a responsável, na véspera do sorteio da fase final do Mundial2022, que vai decorrer precisamente no Qatar, dizendo falar em nome dos países nórdicos.

Segundo Klaveness, é intolerável “empregadores que não garantam a segurança dos seus trabalhadores e responsáveis políticos que não querem organizar jogos de mulheres e que não protejam a segurança da comunidade LGBT”.

Os trabalhos de construção dos novos recintos que vão acolher o próximo Mundial, entre 21 de novembro e 18 de dezembro, vitimaram mais de seis mil operários migrantes, sobretudo de origem asiática, segundo diversos órgãos de comunicação social.

“A FIFA tem que dar o exemplo, tem que liderar”, frisou a dirigente federativa nórdica, acrescentando ter tido dúvidas sobre a atitude do organismo máximo do futebol mundial sobre a aplicação de sanções para retaliar a ofensiva militar russa na Ucrânia.

Entretanto, o presidente da FIFA, o suíço Gianni Infantino defendeu que o organismo não pode ser responsabilizado “por todos os males do mundo”.

“O tema dos direitos humanos surgiu quando foi atribuído o Mundial ao Qatar, em 2010. A única maneira de promover uma mudança positiva é através do diálogo. Desde início, pressionámos as autoridades qataris que têm sido parceiros comprometidos em alterações em termos de direitos humanos”, assegurou.

Infantino defendeu que o próximo certame “é uma oportunidade para que o mundo árabe se mostre ao mundo inteiro”.