Ben Binyamin quase morreu durante o ataque do Hamas ao sul de Israel a 7 de outubro de 2023. Agora, este jovem é uma das estrelas da seleção israelita de futebol para amputados que sonha em vencer o Campeonato Europeu, em junho.

Binyamin comemorava o seu 29.º aniversário no festival de música eletrónica 'Tribe Of Nova', cenário do massacre de 364 pessoas perpetrado pelos combatentes do grupo islamista palestiniano.

Perdeu a perna direita quando os agressores lançaram quatro granadas contra um abrigo antiaéreo onde estava escondido com alguns amigos.

"Nunca teria acreditado que voltaria a jogar futebol", conta à AFP este ex-jogador profissional.

Porém, Binyamin está de volta aos relvados, correndo com ajuda de muletas e fazendo golos com um remate forte de pé esquerdo, que antes era o seu pé fraco.

O ataque do Hamas causou pelo menos 1.160 mortes no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, e desencadeou uma guerra devastadora que se aproxima dos seis meses.

Em resposta, o Exército israelita lançou uma ofensiva aérea e terrestre sobre Gaza que fez quase 33 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde deste território controlado pelo Hamas.

A vida não acaba aqui

Dois dos companheiros de treinos de Ben são soldados israelitas que perderam uma perna na luta contra o Hamas na Faixa de Gaza. Um deles foi atingido por um homem armado numa emboscada. O outro teve a perna atingida quando o veículo blindado em que seguia foi atracado com um foguete.

Também formada por vítimas de acidentes não associados ao conflito, a seleção israelita apurou-se para a Europeu de Futebol para Amputados, que será disputada em França entre 1 e 9 de junho.

Zach Shichrur recrutou alguns dos jogadores enquanto eles ainda se recuperavam dos ferimentos no hospital. "A vida de vocês não acabou", disse-lhes.

Shichrur é um bom exemplo de persistência. Aos oito anos de idade, um autocarro esmagou um dos seus pés. Após diversas cirurgias e décadas de sofrimento, este advogado de 35 anos decidiu que "poderia ser melhor" amputar o pé.

"Foi uma decisão difícil, mas a melhor que já tomei. Graças às próteses, posso fazer não só coisas que qualquer pessoa normal pode fazer, mas também coisas que nunca teria imaginado, como surf e snowboard", contou à AFP.

Fundador e capitão da equipa de amputados de Israel, Shichrur transmite a sua energia aos companheiros. "Mostramos que não só é possível voltar a uma vida normal, mas também jogar futebol com uma perna e defender o nosso país", diz.

A equipa conta com outros talentos como o atacante Ben Maman, de 20 anos, uma das jovens promessas de Israel até perder uma perna quando foi atropelado por uma moto.

Gaza também possui uma equipa de futebol para amputados. Mas mesmo que a guerra termine amanhã, Ben Binyamin não vê qualquer hipótese de um jogo entre israelitas e palestinianos.

"Não posso acreditar na paz porque eles só querem a nossa destruição", comenta.