O treinador ucraniano Yuriy Vernydub brilhou esta época ao comando do surpreendente Sheriff na Liga dos Campeões, ao vencer o Real Madrid no Santiago Bernabéu. O clube moldavo acabou por ser relegado para a Liga Europa, onde terminou eliminado pelo SC Braga no desempate por grandes penalidades no play-off de acesso aos oitavos de final da prova.

Depois da eliminação, Vernydub regressou à Ucrânia para ajudar o país na guerra contra as forças russas.

"O meu filho telefonou-me às 04h30 e disse que os russos tinham atacado. Sabia que voltaria à Ucrânia para lutar. Voámos até casa, aterrámos em Iasi, Roménia. Fomos de autocarro até Tiraspol na sexta-feira. A primeira coisa que fiz sábado de manhã foi ir embora para a Ucrânia. Alistei-me no domingo. Foram 11 horas de viagem. Viajei por Odessa, Kirovgrad, Kryvyy Ruh e finalmente Zaporoje", contou o técnico em entrevista à BBC.

Yuriy Vernydub, treinador do Sheriff
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Treinador do Sheriff: "Quando chegar à Moldávia vou pedir para ir à Ucrânia"
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"Não vou mentir: quando ia a caminho de casa, vi muitos homens fortes a abandonar o país. Entendo que sigam com as famílias para a Moldávia, Roménia... mas não posso fazer o mesmo. Disse a mim mesmo que mal chegasse a casa, me iria alistar. Amigos e familiares tentaram travar-me, mas não conseguiram. Agradeço à minha mulher por me apoiar", explicou o técnico, garantindo "não ter medo".

"Não tenho problemas em usar uma arma de fogo", deixou bem claro.

O futebol acabou por passar para segundo plano, mas Vernydub "ainda pensa no futebol".

"É a minha vida. Desde que era uma criança que comecei a jogar. Fui futebolista profissional e depois treinador. E continuarei a ser, estou certo. Quando ganhámos ao Real Madrid, não imaginava isto", rematou.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, na Hungria, na Moldova e na Roménia, entre outros países.

O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.