Os jogadores de futebol em Espanha vivem entre o medo da COVID-19 e a vontade de voltar a jogar, numa altura em que surge no horizonte a possibilidade de regressar aos treinos, após a suspensão forçada das provas devido a pandemia do novo coronavírus.

"Sou otimista, acredito que o futebol vai voltar e espero que em junho já estejamos a jogar", desejou o lateral do Athletic Bilbao, Ander Capa, à Radio Popular.

A Liga espanhola prevê o regresso aos treinos em várias fases, que incluem a frequente realização de testes de detecção do coronavírus nos jogadores e staff técnico dos clubes.

"A Liga está a trabalhar com os serviços médicos para começar a fazer os testes a 28 de abril", disse à AFP fontes da Liga Espanhola.

Estes testes vão ser repetidos "a cada três ou quatro dias" quando começarem os treinos, explicou o presidente da Associação Espanhola de Médicos de Equipas de Futebol, Rafael Ramos, à rádio Cadena Cope.

O Campeonato Espanhol pretende o regresso aos treinos a 4 de maio, de acordo com a imprensa, e à competição no final do mês ou início de junho.

"O cenário atual que temos é poder começar em 28 e 29 de maio, 6 e 7 de junho ou 28 de julho", afirmou o presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, que estimou em mil milhões de euros o prejuízo para os clubes espanhóis, caso não sejam reiniciados o campeonato nacional, a Liga dos Campeões e a Liga Europa.

Governo tem a última palavra

Contudo, tudo depende da autorização do governo. "O Ministério da Saúde irá trilhar o caminho", alertou o ministro de Cultura e Desporto, José Manuel Uribes.

"Todos queremos voltar a jogar, mas o mais importante é fazê-lo com segurança. Não queremos voltar cedo demais", explicou o avançado galês do Real Madrid Gareth Bale à emissora britânica 'BT Sports'.

Os jogadores, que estão em isolamento nas suas casas, onde seguem planos de treino personalizados, insistem na necessidade de se ter a máxima segurança antes de voltar a tocar na bola.

Espanha é um dos países mais afetados pela pandemia do coronavírus, com mais de 22.000 mortes pela doença.

O sindicato AFE, que agrupa jogadores da primeira e segunda divisões, enviou uma carta ao Ministério da Saúde e ao Conselho Superior de Desportos (CSD), dependente do Ministério da Cultura e Desporto, para pedir que "a autoridade desportiva (CSD), em coordenação com a autoridade sanitária" desse "segurança em relação a esta possibilidade do regresso às competições".

"Faz sentido o regresso do futebol? Se temos uma segurança absoluta, sim, mas o primordial neste momento, para todos, é a saúde", alertou na quarta-feira (23) o guarda-redes do Espanyol, Diego López, que viu oito dos seus companheiros de clube sofrerem com a doença.

'Não vou jogar'

Apesar deste moderado otimismo de alguns, que pedem segurança, outros olham o futuro de maneira mais pessimista.

"Será difícil que se reinicie a competição. É possível que possamos treinar e seguir o protocolo sem coincidir com os companheiros e tomando banho em casa, mas na hora de nos reunirmos e viajar será difícil", disse médio do Barcelona, Sergio Busquets.

Já Rafael Jiménez 'Fali', defesa do Cádiz, líder da 2.ª divisão, foi mais contundente ao afirmar não querer jogar.

"Fiquei a saber que vamos começar a treinar a 4 ou 11 de maio. Eu não vou treinar, não vou jogar. Tenho isso muito claro desde o início. A saúde sempre em primeiro lugar e, se é verdade que estão 100 por cento seguros de que não vamos nos expor ao vírus, que coloquem isso no papel. Se acontecer qualquer coisa com um jogador de futebol, que aconteça com eles também", disse ao jornal 'AS'.